Kassabistas se irritam e chamam Alckmin de ingrato e de xiita
A afirmação do candidato a prefeito de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) de que o DEM –partido do prefeito Gilberto Kassab– praticou um golpe contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas eleições municipais de 2004, aumentou a voltagem ent
Publicado 19/09/2008 20:49
Desde que trocou o marqueteiro Lucas Pacheco por Raul Cruz Lima, a campanha tucana adotou um tom mais agressivo contra Kassab. Nesta sexta-feira, Alckmin afirmou que o PFL (atual DEM) praticou um golpe ao forçar o nome de Kassab como vice de José Serra (PSDB) nas eleições municipais de 2004.
“O Serra queria como candidato a vice o Lars Grael. Depois, já estava escolhido o Alexandre de Morais [atual secretário de Transporte de Kassab]. Foi um golpe [do então PFL, hoje DEM] na véspera da convenção. O Serra quase desistiu de ser candidato [a prefeito]”, disse Alckmin.
Para o kassabista e secretário municipal de Esportes, Walter Feldman (PSDB), as declarações de Alckmin são uma “ingratidão” porque a história política do ex-governador em São Paulo estaria intimamente ligada ao partido de Kassab.
“Há uma tradição em São Paulo de ter o DEM junto sempre. Desde a época do Mario Covas. Toda historia do Geraldo em São Paulo deve-se também ao DEM […] É uma ingratidão com o partido, com o que o Kassab fez desde 1994', afirmou Feldman à Folha Online.
Ele negou que Serra tenha recusado o nome de Kassab como vice em sua chapa na disputa municipal. “Em nenhum momento ele [Serra] se colocou contra a escolha, ele não tinha nenhuma relação com o Kassab. Foi um nome que a coligação colocou. O Geraldo que queria o Lars [Grael] ou o Alexandre [de Moraes] porque foram secretários do governo dele”, disse o tucano.
A esperança do tucano-kassabista é de que os ataques não comprometam uma eventual aliança no segundo turno contra a candidata do PT, Marta Suplicy. “Eu espero que não comprometa. Porque o eleitorado vai querer que o partido esteja recomposto no dia 6 de outubro”, disse.
Outro tucano kassabista a defender o prefeito foi o verador Gilberto Natalini. Ele disse que participou da “intimidade da campanha” de Serra para prefeito e que nunca ouviu falar dessa rejeição do então candidato a prefeito em relação a Kassab.
“Eu acompanhei todo o processo eleitoral de ponta-a-ponta. Eu nunca presenciei ou ouvi nenhum tipo de rejeição do então candidato Serra ao Kassab. Da preferência do Serra [pelo vice] eu não sabia, mas nunca ouvi da boca dele a rejeição a Kassab”, disse. “Deve ter sido uma coisa extremamente oculta ou são fantasias que estão sendo criadas no calor da disputa eleitoral.”
Para o vereador, o ex-governador está “exorbitando politicamente”. “Ele está tomando uma atitude extremamente radical, não condiz com o perfil dele, que é de conciliação e agregação”, disse. “Eu acho que só uma atitude de desespero e apego à uma questão eleitoral pode justificar isso contra pessoas que o apoiaram a vida inteira.”
Ele afirmou que não está “reconhecendo o doutor Geraldo”. “Quem é que quer um prefeito com ódio no coração? São Paulo precisa de um pacifista e não de um guerrilheiro xiita”, concluiu.
Outro lado
O coordenador da campanha tucana, deputado federal Edson Aparecido (PSDB), foi procurado pela reportagem para comentar as declarações dos kassabistas. Segundo ele, “a coordenação da campanha do PSDB não cometa declarações de Natalini e Feldman.”
Ainda segundo Alckmin, o próprio Aparecido foi vítima dos “demos”: “[…] Como também [deram um golpe] na presidência da Assembléia Legislativa [de São Paulo]. Deram um golpe junto com o PT na véspera da eleição.”
Em 2005, o PSDB teria escolhido o tucano Edson Aparecido para disputar a presidência da Assembléia, mas Rodrigo Garcia, então coordenador de campanha de Aparecido, teria decidido entrar na disputa e ganhou a eleição por um voto com a ajuda do PT.
Fonte: Folha Online