Morre o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de SP

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra, 52, morreu na tarde deste sábado em um acidente de carro na rodovia Fernão Dias. Além de presidente de um dos maiores sindicatos do país, Eleno presidia a CNTM (Confederação N

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o filho de Bezerra, William Mello Bezerra, 26, dirigia o veículo quando perdeu o controle do carro em uma curva, devido à chuva, e capotou numa ribanceira na lateral da estrada.



O acidente aconteceu na altura do km 61, na altura de Mairiporã (Grande São Paulo), por volta das 16h. Bezerra morreu no local. Seu filho sofreu escoriações leves e foi encaminhado para o pronto-socorro de Mairiporã.



Até por volta das 19h30, o corpo de Bezerra permanecia no local do acidente à espera da perícia, segundo a polícia rodoviária. O corpo de Bezerra deve ser encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Franco da Rocha.



Segundo Miguel Torres, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos, o velório será realizado neste domingo (21) no Palácio do Trabalhador, que fica na rua Galvão Bueno, 782, na Liberdade, região central de São Paulo. O início do velório depende da liberação do corpo pelo IML. O horário e o local de enterro não foram informados.


 


Paulinho: ''perda irreparável''


 


Em declaração à imprensa, o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, disse ao que a morte de Eleno ''é uma perda irreparável''.


 


“Para nós foi uma perda muito grande, porque ele era, além de ser presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Ele era o meu vice-presidente da Força Sindical, meu braço direito”, disse Paulinho.


 


Trajetória



Eleno José Bezerra nasceu em Caetés, agreste do Pernambuco, em 17/07/56. Pai de um casal de filhos, era casado pela segunda vez. Trabalhou com os pais e irmãos na lavoura até os 18 anos, quando veio para São Paulo em busca de uma maior capacitação profissional e para continuar os estudos.



Em 1975, conseguiu seu primeiro emprego em São Paulo, com registro em carteira, na Metalúrgica Deca. Foi demitido em 1979 por participar de uma greve da categoria.



Em 1980, desperta para a militância política e a atividade sindical e participa, como ativista do Sindicato, das lutas políticas pela redemocratização do Brasil, de movimentos por melhores condições de vida, e começa a se destacar na luta dos metalúrgicos.



Foi eleito pela primeira vez para a Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo em 1987. Aliado do deputado Paulo Pereira da Silva, ex-presidente do Sindicato e presidente da central Força Sindical, ajuda a formular e a implementar a política conhecida como “Sindicalismo de Resultados”, que dá projeção nacional ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.



Participou de inúmeras greves em defesa dos direitos trabalhistas, como a da redução da jornada de trabalho de 48h para 44h semanais, da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), da ação nacional pelo reajuste de 147% para os aposentados e pensionistas, e pela correção da tabela do Imposto de Renda.



Em fevereiro de 1996, Eleno assumiu a Secretaria-geral do Sindicato. Em 1998 e 2004, coordenou campanhas eleitorais que elegeram dirigentes do Sindicato a deputado federal e a vereador de São Paulo.



Em janeiro de 2003, assume interinamente a presidência do Sindicato e, em dezembro de 2004, é eleito presidente do Sindicato com 96,2% dos votos válidos. No ano seguinte, é conduzido à presidência da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), filiada à Força Sindical.



Nos últimos dias, liderava a campanha salarial 2008 dos metalúrgicos, com grande mobilização da categoria, que reivinca reajuste salarial de 20%, valorização do piso salarial, ratificação da Convenção 158 da OIT (convenção que proíbe demissões sem justificativa, o que pode coibir a alta rotatividade nas fábricas) e o fim das terceirizações.



Junto com lideranças de várias correntes sindicais, Eleno também era um batalhador na luta pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.