Cutistas fundam novo sindicato de professores e irritam PSTU
Cerca de 80 mil professores universitários da rede pública federal do país passaram a contar, a partir do sábado (6), com um novo órgão representativo: o Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal. A fundação foi aprovada com 595 voto
Publicado 22/09/2008 17:23
O professor de matemática da Universidade de São Carlos, Gil Vicente, que vinha dirigindo o Proifes (Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior) foi eleito para presidir a nova entidade, que terá como vice Eduardo Rolim de Oliveira, diretor do Proifes e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
''Esse será o maior sindicato do gênero no mundo todo'', observou Gil Vicente, prevendo que a base crescerá para 100 mil professores, nos próximos dois anos. Segundo ele, na votação do dia 6 faltaram representantes de quatro estados: Espírito Santo, Rondônia, Amapá e Mato Grosso.
O novo sindicato ''é resultado da vontade dos docentes que vinham contando desde 2004 com a atuação da Proifes'', informou Gil Vicente. Segundo ele, havia um anseio por uma entidade na qual não preponderassem interesses político-partidários, depois da perda de registro da Associação de Docentes do Ensino Superior (Andes), em função do ''aparelhamento, com infiltrações de membros do PSTU e do PSOL''.
O professor explicou que, com a desarticulação da Andes, o Proifes obteve alguns avanços, como, por exemplo, o acordo que elevou o teto da carreira de R$ 7.900,00 para R$11.800,00.
O secretário geral da CUT, João Felício, disse que a criação ''foi uma vitória'' dos líderes dos professores e que cabe à CUT dar seu apoio. ''Acho estranho a oposição de algumas correntes que sempre defenderam a convenção 87 da OIT [Organização Internacional do Trabalho]'', disse referindo-se aos representantes ligados ao PSTU e PSOL.
PSTU protesta
Apesar de construir entidades paralelas à CUT e a UNE, como a Conlutas (Confederação Nacional de Lutas), militantes do PSTU, que dirigem a Andes, protestaram contra a fundação do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal.
''Querem criar um sindicato sem a participação da base que dizem representar. Esse procedimento é inaceitável e nós temos certeza de que a categoria saberá responder a essa provocação'', afirmou o presidente da Andes – Sindicato Nacional, Ciro Teixeira Correia.
Roberto Leher, ex-presidente da Andes-SN, disse que ''a história da Andes se confunde com a construção da universidade pública brasileira''. Leher também lembrou das lutas conjuntas com os demais servidores públicos para conquistar o direito à organização sindical, que veio com a Constituição de 88. ''Após a promulgação da Constituição, levamos dois anos discutindo na base se iríamos criar o Sindicato Nacional, por meio de debates públicos e congressos''.
O presidente da Conlutas, José Maria de Almeida, também protestou sobre a assembléia de fundação do novo sindicato, manifestando seu apoio ao que considera ''o único e legítimo sindicato nacional da categoria, a Andes -SN''.
Os militantes e dirigentes sindicais da Coblutas alegam que a assembléia de fundação do novo sindicato nao foi representativa e impediu a entrada de diversos sindicatos ligados ao PSTU.