No RS, Yeda usa tropa de choque e cavalos contra protesto
O governo de Yeda Crusius (PSDB) mostrou, na manhã desta terça-feira (23), mais uma vez sua truculência e falta de vontade para negociar com os trabalhadores gaúchos. Com força policial, a governadora reprimiu uma manifestação com cerca de mil educad
Publicado 23/09/2008 23:12
Os educadores reuniram-se em frente ao Piratini desde as primeiras horas da manhã desta terça para cobrar uma audiência afim de negociar a liberação de 42 diretores de núcleos, eleitos democraticamente pela categoria, e de quatro integrantes da direção central do sindicato.
Por volta das 8 horas, os manifestantes se posicionaram em frente à entrada principal do prédio para entregar uma correspondência solicitando audiência com a governadora. A tropa de choque foi então acionada para forçar a retirada dos manifestantes.
Coordenados pelo comandante-geral da Polícia Militar, Paulo Roberto Mendes, homens da tropa de choque, da cavalaria e do batalhão de operações especiais, somados a outros soldados, agrediram desnecessariamente os manifestantes. Na eminência do conflito, o comandante-geral da polícia chegou a declarar que um parlamentar, presente à manifestação, “sentiu o torniquete apertar”.
Os deputados estaduais Raul Pont e Elvino Bohn Gass, ambos do PT, e Raul Carrion, do PCdoB, acordaram com a Casa Civil para que fosse recebida uma comissão para entrega de documento. Negociou-se que os educadores seriam recebidos assim que saíssem da frente do Palácio.
Surpreendentemente, após o recuo dos manifestantes, a tropa de choque avançou sobre os educadores, e o Governo Yeda, de forma desrespeitosa com o parlamento gaúcho, descumpriu o acordo feito com a representação parlamentar. A Polícia Militar partiu para cima dos manifestantes com cavalos, escudos e cacetetes e avançou sobre os educadores de maneira violenta e desnecessária, já que os professores já se retiravam do local.
A ação, coordenada por Mendes, é um retrato do governo Yeda que, sem apoio popular, ataca trabalhadores. “A repressão não irá calar os trabalhadores em educação que lutam pela manutenção de direitos, pela educação pública de qualidade e pela liberdade de manifestação. A repressão ocorrida nesta terça é apenas mais uma página da violência contra os movimentos sociais que ocorre no estado desde a chegada da tucana ao governo”, afirmou em nota o sindicato.
Após o rompimento do acordo, dirigentes do sindicato se dirigiram até a Assembléia Legislativa. Foram recebidos pelo presidente do Legislativo, Alceu Moreira (PMDB). O parlamentar informou que o tema seria colocado na reunião do colégio de líderes no início da tarde.
No final da manhã a direção da entidade recebeu o ofício do governo informando que os educadores serão recebidos na tarde de quinta-feira (25) pelos secretários Erik Camarano, da Secretaria Geral de Governo, e Mariza Abreu, da Educação. A audiência será na Secretaria da Educação, em Porto Alegre, das 17 às 18 hoas.
Marca da repressão
O deputado Raul Carrion (PCdoB) repudiou, durante a sessão plenária desta terça-feira, a forte repressão a que foram submetidos professores, funcionários de escola e parlamentares durante manifestação em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Carrion lembrou que o Governo Yeda tornou prática jogar a ‘polícia truculenta em cima do povo’. Também relatou ter ouvido do próprio coronel da BM, Paulo Mendes, que a ordem era prender os manifestantes caso não saíssem da frente do palácio. “O Governo não tem um olhar para o povo. Apenas criminaliza os movimentos sociais”, afirmou.
O parlamentar comunista também repudiou o não cumprimento da promessa da Casa Civil de receber um grupo de representantes do sindicato ainda na manhã de terça-feira, como havia sido acertado durante as negociações.