Entidades fazem ato solidário à Bolívia em Brasília
Organizações de classe, movimentos sociais e partidos de esquerda promovem ato em defesa dos povos da Bolívia na manhã desta sexta-feira (26), em frente à Embaixada dos Estados Unidos. Antes, às 9 horas, uma comissão se reunirá com o embaixador bolivia
Publicado 25/09/2008 16:27
Nas últimas semanas, uma escalada de violência tomou o leste da Bolívia. Grupos civis, liderados pelos auto-intitulados “comitês cívicos” e pelos governadores oposicionistas de cinco departamentos (estados) – em coordenação com a Embaixada dos Estados Unidos – implementaram o estado de terror em muitas cidades do oriente boliviano. Escritórios do governo federal foram atacados, destruídos e roubados, feiras e mercados populares de indígenas foram saqueados. No mais agressivo dos ataques, pelo menos 30 pessoas foram mortas por grupos armados no departamento de Pando.
Com o recrudescimento da violência, o presidente expulsou o embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, que se reunira 15 dias antes dos ataques, a portas fechadas, com o governador Rúben Costas, de Santa Cruz, que faz oposição ao governo. Goldberg representou os Estados Unidos na Bósnia de 1994 a 2000 e no Kosovo de 2004 a 2006, incentivando o desmembramento da Iugoslávia. No ano passado, posou em uma foto ao lado de um paramilitar colombiano.
“Nós, povos latino-americanos e organizações sociais, temos o dever de fazer uma grande mobilização em solidariedade ao Evo Morales para que ele consiga intensificar as reformas em favor do povo boliviano, especialmente o povo índio e mestiço, que foram os grandes prejudicados nesses 500 anos. Agora se trata de fortalecer do governo, que no referendo teve mais de 60%, ou seja, o povo está com ele e quer mudanças”, afirma o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, Egídio Brunetto.
Contra as mudanças
Um dos argumentos para justificar as ações contra o governo é a mudança nos contratos que regulam os repasses referentes à renda de gás e petróleo aos departamentos bolivianos. O governo de Evo Morales criou o programa “Renda Dignidade”, uma bolsa no valor de 20 dólares mensais para todos os maiores de 60 anos.
O programa é financiado por 30% do total do imposto sobre o petróleo, que são destinados ao governo nacional, departamentos e municípios. Em termos absolutos, os recursos dos departamentos não diminuíram. Com política de nacionalização dos recursos naturais de Evo Morales, o orçamento quintuplicou, de 287 milhões em 2004 para 1,57 bilhão de dólares em 2007.
Os departamentos de Santa Cruz e Tarija, apesar de reclamarem das mudanças e fomentarem um golpe contra o presidente, na verdade foram beneficiados com a medidas. A arrecadação com os impostos sobre o petróleo do departamento de Santa Cruz quadruplicou de 29 milhões para 118 milhões de dólares e o de Tarija aumentou de 66 milhões para 237 milhões.
Na próxima segunda-feira (29), uma comissão da Unasul (União de Nações Sul- Americanas) irá à Bolívia para investigar o massacre ocorrido em Pando.
De Brasília
Com informações do MST