Obama obtém vantagem sobre McCain no primeiro debate

O candidato republicano tentou até o último momento suspender o debate – para o qual seus assessores já haviam confirmado a presença – alegando que seria necessário concentrar esforços para fazer aprovar no Congresso o socorro de 700 bilhões de dólares para o sistema financeiro abalado pela crise que já consumiu cerca de um trilhão e quinhentos bilhões de dólares do tesouro dos EUA para tentar impedir o efeito dominó da quebradeira e falência de ícones do capitalismo como o Banco Lehman Brothers, Merrill Lynch, as outrora gigantes Fannie Mae e Freddie Mac, a seguradora AIG entre outros.

Obama conseguiu grudar na personalidade do adversário que foram o Partido Republicano e Bush os responsáveis pela política de desregulação neoliberal do sistema que levou o império a esta situação. “Temos que reconhecer que este é o veredicto final de oito anos de política econômica promovida por George Bush, apoiado pelo senador McCain”, disse Obama em uma de suas intervenções. O debate ocorreu na Universidade do Mississipi. As grandes redes de TV têm apenas o direito de transmissão e o programa foi ancorado por Jim Lehrer da rede pública PBS de televisão. Outro debate está marcado para o dia 7 de outubro, com perguntas da platéia e um último encontro já está agendado para o dia 15, para discussão de temas econômicos e políticas domésticas.

O debate realizado ontem era para tratar essencialmente de segurança nacional e política externa. Mas a temática ligada à crise financeira acabou ganhando boa parte das discussões iniciais. Apenas na segunda parte é que o assunto dominante foi a guerra do Iraque – que o senador McCain apoiou e o senador Obama condenou – assim como outras questões como o tratamento da questão iraniana. Mesmo tentando se mostrar como uma pessoa experiente em questões de política externa, McCain acabou errando a pronúncia do nome do presidente do Irã – Mahmoud Ahmadinejad – e tropeçou no nome do atual presidente do Paquistão Asif Ali Zardari, chamando-o de “Qadari”. Se isso acontecesse com o senador Obama, certamente a propaganda republicana iria transformar a gafe em um problema de segurança nacional.

O debate, entretanto, não significou nenhum nocaute de um candidato sobre o outro. Obama conseguiu maior aceitação pelas pesquisas que se seguiram à apresentação do programa pela postura mais tranqüila, por olhar nos olhos dos telespectadores e principalmente por ter sido favorecido pela catástrofe financeira que derrubou os mercados e que forçou o presidente Bush a negar na prática todo o fundamentalismo neoliberal com o maior socorro estatal que se tem notícia na história do capitalismo. Este final de semana será de intensas discussões no Congresso americano para tentar aprovar o pacote de 700 bilhões de dólares que ainda sofre resistências entre os próprios republicanos.