Chávez defende uma nova época “pós Bretton Woods”

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu “uma nova época pós-Bretton Woods” para pôr fim às crises financeiras, como a atual, pela qual responsabilizou os Estados Unidos e o sistema capitalista.

Sobre as conseqüências da crise financeira atual, o presidente venezuelano explicou que “exatamente no fim da Segunda Guerra Mundial os países poderosos do mundo impõem esse modelo de Bretton Woods e, por respeito, ou por temor dos Estados Unidos (…), deu-se a primazia do dólar para tudo o que é a economia internacional”.



“E os Estados Unidos não souberam agir com responsabilidade perante o planeta, tendo esse poder nas mãos, a hegemonia do dólar. E o que fizeram? Emitir moeda e moeda, atrás de moeda, sem sustentação real na economia”, enfatizou Chávez.



Ao término da Segunda Guerra Mundial, os acordos de Bretton Woods traçaram as linhas gerais do sistema financeiro internacional.



Chávez, segundo o qual “na Venezuela não temos esses problemas”, afirmou que “a causa da crise é a irresponsabilidade do sistema capitalista” e criticou o plano de resgate do governo do presidente George W. Bush.



“Não acho que a crise se resolva dessa maneira”, afirmou Chávez. Ele disse que o sistema econômico não pode funcionar sem regulação, classificando como “uma farsa” a idéia da “mão invisível do mercado que tudo regula”.



“Quando um sistema perde capacidade de regulação, deixa de ser um sistema”, disse. O presidente venezuelano defendeu também o fim do “fundamentalismo de mercado”, considerando que este é o momento de debater idéias.



Recordando uma conversa que manteve com o líder revolucionário cubano Fidel Castro, Chávez disse que concorda com ele que apesar da crise energética, alimentar, económica e financeira a maior das crises é a das “ideias”.



“Vivam as ideologias, viva a política, a boa política”, salientou, considerando que “o fim da política seria o fim do mundo”.



“A política faz falta”, acrescentou, ressaltando a necessidade de cada vez mais existirem “líderes verdadeiramente políticos, povos e sociedade politizadas”, porque isso significa que estão “conscientes da realidade”.



Chávez também falou das relações de seu país com o mundo. “Queremos ser um amigo do mundo, de todo o mundo. Respeitamos qualquer concepção política, ideológica, étnica ou religiosa e só esperamos que nos respeitem. Para que respeitem a dignidade da nossa pátria somos radicais”, disse.



E fez uma breve reflexão sobre os caminhos a seguir. Para ele, o socialismo, por si só, “não é a solução para o fracasso do capitalismo”.



“É necessário um equilíbrio geo-estratégico mundial. Há novos pólos que estão nascendo e se desenvolvendo. A China, a Rússia, o Brasil, a América do Sul e a Europa do Sul. Estamos (a Venezuela) cavalgando a onda dos acontecimentos mundiais e esta é a oportunidade para afastar aqueles que desejam um mundo unipolar”, afirmou Chavez.



O presidente venezuelano também comentou a realização de exercícios navais militares conjuntos com a Rússia, sublinhando que não se trata de uma provocação aos Estados Unidos.



“É no mar do Caribe e esse mar não pertence aos Estados Unidos, exceto uma parcela da região, em Porto Rico”, disse Chávez, destacando que a Venezuela já efetuou idênticas manobras com as marinhas da Holanda, Brasil e Argentina.



Ele também disse que concordou com o presidente francês Nicolai Sarkozy sobre a convocação de uma reunião internacional, “mas que não fique no grupo dos oito (G-8, os países mais industrializados do mundo mais a Rússia)”.



“O Sul não existe? A África não existe? A América Latina não existe?”, questionou Chávez. “Queremos a paz. Quem quer a guerra são os outros”, disse, recorrendo aos ideais de Simon Bolívar. “O equilíbrio do universo faz-se através da amizade”, afirmou, citando Bolívar.



Fonte: O outro lado da notícia