Nas ruas, policias protestam contra Serra e ocupam a Alesp
Esta terça-feira (30) foi de protestos de policias em 93 cidades do Estado de São Paulo. Em greve há 15 dias, a categoria denuncia a intransigência nas negociações e a retaliação ao movimento levada a cabo pelo governo de José Serra (PSDB). Eles pedem rea
Publicado 30/09/2008 18:55
A estratégia do movimento com as ações de rua no Dia da Polícia Civil no Estado de São Paulo, segundo representantes dos grevistas, é pressionar o governador tucano a negociar com a categoria e também contrapor as afirmações de Serra de que a greve tem motivação política, devido ao apoio ao movimento de centrais sindicais como a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil ) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
De acordo com estimativa da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo), na cidade de São Paulo cerca de 90% dos policiais aderiram à greve, enquanto no interior a adesão chega a quase 100%.
Passeatas
Em Campinas, o sindicato dos policiais civis mobilizou cerca de mil policiais, de diversos municípios do interior, no ato iniciado às 10 horas. Os policiais de Ribeirão Preto participaram da passeata de Campinas e depois seguiram para São Paulo, para a ocupação da Alesp.
''O ato público em Campinas servirá para mostrar à população o descaso do governo do estado. Não temos gente, não temos viaturas, não temos equipamentos de base como computadores'', disse o investigador e presidente do sindicato na região, Aparecido Lima de Carvalho, 54 anos, 30 deles dedicados à profissão.
De acordo com dados do Departamento de Recursos Humanos do sindicato, 90% de 900 policiais que trabalham em Paulínia, Valinhos, Vinhedo, Indaiatuba e Campinas estão endividados em instituições bancárias.
''Nossa situação é de desespero. Não queremos a greve, queremos só dignidade. Nesse Dia da Polícia Civil do Estado de São Paulo não temos nada a comemorar, só a lamentar. O policial está desmotivado, afundado no banco, trabalhando em bicos para não passar fome, sem orgulho de pertencer à corporação, sem vontade de trabalhar. E quem sofre com isso é o cidadão'', afirmou Carvalho.
Policiais Civis da Baixada Santista também participaram da mobilização reivindicando melhores salários em São Paulo. De acordo com o presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo na Região de Santos (Sinpolsan), Décio Couto Clemente, cerca de 80 manifestantes da região estavam em São Paulo. A categoria também planeja uma ''mega passeata'' em Santos, porém em outro dia ainda esta semana.
Ocupação à Alesp
Com faixas reivindicando melhores salários e criticas ao governador José Serra (PSDB) 500 policias pediram apoio de parlamentares na Alesp. ''Queremos o apoio da assembléia. Os três deputados daqui – Luciano Batista (PSB) e os tucanos Bruno Covas e Paulo Alexandre Barbosa – não se sensibilizaram com a nossa luta'', argumentou, afirmando que os policiais apenas receberam o apoio da deputada Maria Lúcia Prandi (PT), que está afastada porque é candidata à prefeitura de Santos.
Durante a manifestação na assembléia, vários deputados ligados a área da segurança pública discursaram, apesar de o plenário estar vazio. Um dos mais aplaudidos pelos grevistas foi o deputado Carlos Giannazi (PSOL), da bancada de oposição, que propôs a criação de uma CPI da Segurança Pública para investigar vários assuntos relacionados a essa área.
''É uma CPI bem ampla, inclusive para investigar a falta de negociação por parte do governo neste movimento e a pressão que alguns delegados vêm sofrendo'', disse. Para aprovar a CPI, o deputado ameaça obstruir a votação do orçamento do estado, que deve ter início logo depois das eleições municipais.
O líder da bancada do PSDB na assembléia, Barros Munhoz, afirmou que a ameaça se trata de ''uma bravata''. ''Acredito que alguns deputados da nossa bancada até sejam simpatizantes ao movimento, mas há uma unanimidade no sentido de que as negociações só sejam retomadas depois dos grevistas voltarem ao trabalho'', afirmou.
Período eleitoral
Segundo o comando de greve, durante o período das eleições municipais (no próximo dia 5 de outubro) os procedimentos adotados durante a paralisação sofrerão ligeira mudança. Desde o início da greve –em 16 de setembro–, os policiais que aderiram à paralisação atendem apenas a casos considerados de emergência, conforme estabelecido em uma cartilha elaborada pela categoria.
Entre as exceções estão previstos registro de prisões em flagrante, capturas de procurados, homicídios e remoção de cadáveres em residências ou nas vias públicas. O comando da greve informou que durante as eleições serão registrados qualquer tipo de caso, desde que tenha relação direta com as eleições.