Crise financeira ameaça o Campeonato Inglês

A crise financeira mundial pode afetar muito em breve a Premier League, o campeonato de futebol mais rico do mundo, mas também o que tem mais equipes endividadas com os bancos, alguns deles em grande risco de falência.

O presidente do modesto Hull City, Paul Duffen, foi o único até agora a expressar sua preocupação publicamente. “Muitos clubes fizeram grandes investimentos neste momento de incerteza. Nesta temporada, lamentavelmente, pode haver mais de uma vítima na Premier League”, advertiu.



Segundo os últimos dados disponíveis, os grandes clubes acumulavam prejuízos de cerca de 3,1 bilhões de euros ao término da temporada 2006/2007, duas vezes mais que o montante anual dos direitos de televisão. O presidente da União Européia de Futebol (Uefa), o francês Michel Platini, já havia soado o alarme há alguns meses.



A imprensa britânica também havia advertido há algum tempo sobre as graves dificuldades financeiras do Portsmouth que, com o técnico Harry Redknapp, gastou mais de 70 milhões de euros na contratação de jogadores caros.



Os grandes clubes tampouco estão a salvos. Os proprietários americanos do Liverpool, Tom Hicks e George Gillett, devem renegociar no início de 2009 a dívida contraída na compra do clube, cerca de 700 milhões de euros, financiados pelo grupo americano Wachovia, uma das vítimas da atual crise, e que será comprada por seu concorrente, o Citigroup, segundo anúncio feito nesta segunda-feira.



O compromisso inicial dos novos proprietários de construir um novo estádio para substituir o Anfield Road, apresentado como necessário ao desenvolvimento do clube, parece já ter sido lançado “na conta do esquecimento”.



O Manchester United, por sua vez, é rentável em parte, mas sua dívida se eleva a 750 milhões de euros, A família Glazer financiou a compra do clube através de empréstimos bancários imputados ao clube. “Nós não fomos atingidos pelo 'credit crunch'”, afirmou recentemente um porta-voz da família Glazer em resposta às inquietações da imprensa britânica.



A dívida do Arsenal é menor, cerca de 320 milhões de libras, e sua situação financeira é considerada “saudável”. A construção do estádio Emirates tornou os “Gunners” um dos clubes mais rentáveis do mundo. Seus dirigentes acabam de anunciar lucros de 4,65 milhões de euros, uma alta de 40% em relação ao ano passado.



O Arsenal tinha a intenção de amortizar sua dívida com a venda de apartamentos nos terrenos de seu ex-estádio de Highbury, um projeto imobiliário agora ameaçado pela crise.



O Chelsea é o mais endividado de todos: cerca de 875 milhões de euros, mas o credor é seu próprio dono, o “mecenas” russo Roman Abramovitch, o que até certo ponto é uma garantia.



Os clubes ingleses podem ter problemas de patrocínio.



O Manchester United, por exemplo, tem o apoio da seguradora americana AIG, recentemente estatizada pelo governo dos Estados Unidos, o que certamente vai colocar em discussão o contrato de 70 milhões de euros por quatro anos.



O Newcastle tem em sua camisa o logotipo do recém estatizado Northern Rock, símbolo da crise bancária no Reino Unido. O West Ham, por seu lado, ficou sem patrocínio depois da falência da operadora de turismo britânica XL Leisure Group.