Morre aos 108 anos Yefimov, o cartunista da União Soviética

Morreu aos 108 anos o cartunista soviético Boris Yefimov, que satirizou Adolf Hitler e os Estados Unidos, sob ordens da liderança soviética. A notícia foi dada nesta quarta-feira (1) por seus parentes.

A caricatura que Yefimov fez de Hitler — na qual o ditador alemão aparece como um lunático — foi publicada em jornais soviéticos durante a 2ª Guerra Mundial e ajudou a manter a moral dos militares soviéticos. Os soldados do Exército Vermelho recortavam suas charges dos jornais e as levavam no bolso.


 


Em entrevistas, Yefimov disse que o líder nazista o pôs numa lista de figuras soviéticas que seriam enforcadas em Moscou, se capturadas. A serviço do presidente Josef Stalin, ele satirizou os Estados Unidos, desenhando um Tio Sam cheio de mísseis e uma nota de um dólar.


 


Por seu trabalho, Yefimov recebeu a maior honraria da União Soviética. “Você sabe — o xis da questão é que o meu trabalho é uma arma. Os cartuns têm de provocar, têm de ser afiados, têm de expor e têm de satirizar”, disse ele em 2004.


 


Até o fim de sua vida, ele manteve uma boa memória e disse que se arrependia de alguns dos trabalhos que fez no passado. O cartunista começou sua carreira quando os bolcheviques assumiram o poder, em 1917, com a Revolução Russa.


 


“Boris Yefimov é o mais político de nossos artistas gráficos”, disse Trotsky no prefácio de um de seus livros de charges, publicado em 1924. “Ele conhece política, gosta de política e a penetra em todos os detalhes. Este é seu traço mais forte.”


 


Em sua carreira memorável, Yefimov viu Lênin discursar em 1922, testemunhou Hitler em Berlim, em 1933, além dos julgamentos dos líderes nazistas em Nuremberg, no fim da guerra. Segundo ele, o segredo de sua longevidade era não seguir nenhum plano especial. “Encontro meus amigos freqüentemente, para beber vodca, conhaque e cerveja, e como de tudo. Não sigo nenhuma dieta.”