Lúcia Hipólito e as simplificações da lógica política
Eu sei que não é fácil – nem para cientistas políticos como a Lúcia – identificar as grandes ondas por trás de alguns fenômenos eleitorais. Mas explicar esses movimentos por uma suposta inteligência política centralizada, como se fossem técnicos de fut
Publicado 02/10/2008 16:28
Confesso não entender, às vezes, a lógica de certas análises políticas. Há uma realidade pulverizada – a situação eleitoral em cada município. Em cada local há uma história própria, esquemas de alianças obedecendo exclusivamente à lógica municipal. A não ser em algumas capitais, os fatores nacionais têm influência quase nula nos resultados. O próprio Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, explicou que o fator Lula beneficiou todos os atuais ocupantes de cargo – independentemente do partido. O sucesso de Lula reforça a idéia da continuidade dos atuais eleitos.
Mas há um tipo de análise que supõe que exista uma cooordenação, uma inteligência central comandando todos os movimentos dos diversos partidos.
Vindo para o trabalho, agora de manhã, ouvi o comentário da Lúcia Hipólito na CBN.
O que dizia ela?
1. “O PT montou um plano para conquistar o maior número de prefeituras”. Não entendi onde está a novidade. A lógica de todo partido político é, em toda eleição, conquistar o maior número de vitórias. Ou não? Dito assim, há um tom de novidade, de informação especial, em torno de algo que faz parte da lógica de qualquer partido em qualquer eleição.
2. Aí ela constatou que cresceu o favoritismo de candidatos do PDMB em alguma prefeituras. Pegou parte da realidade e resolveu racionalizar o fenômeno. Sua avaliação é a de que, percebendo que o PT estava crescendo demais, o PMDB decidiu reagir e redefinir seu papel nas eleições.
Parece que há um quartel general em que se reúnem as lideranças do PMDB e decidem, de moto próprio: agora vamos crescer nas eleições.
Eu sei que não é fácil – nem para cientistas políticos como a Lúcia – identificar as grandes ondas por trás de alguns fenômenos eleitorais. Mas explicar esses movimentos por uma suposta inteligência política centralizada, como se fossem técnicos de futebol comandando os onze jogadores em campo, é demais. Mesmo para um veículo – o rádio – que não pode sofisticar demais a análise.
Por Paulo-São Gonçalo-RJ
Reproduzido do Blog do Nassif