Japão: brasileiros fazem nova greve e acionam Justiça

Operários brasileiros empregados em três unidades da fábrica de auto-peças Hikari Seikoh, localizada em Mie, tiveram na última quarta-feira (8), uma série de reuniões no Conselho Regional do Trabalho, em Tsu, capital da província. Diretores da fábrica

Em grupo de 60 operários os brasileiros estiveram na sede do sindicato Union Mie e assinaram procuração para a ação coletiva na Justiça. Reivindicam estabilidade no emprego, melhores condições de trabalho e reajuste salarial, sendo que o maior impasse é sobre o contrato de trabalho: querem ser efetivados direto pela fábrica e que lhes sejam garantidos benefícios já concedidos a outros trabalhadores.



Em cerca de seis horas de reuniões a portas fechadas o Conselho Regional do Trabalho ouviu, em separado, os trabalhadores e os diretores da fábrica na tentativa de acordo entre as partes.



Mancy Lee, que trabalha na Hikari Seikoh em Kuwana, acompanhou as negociações e considera que o movimento é justo. ''Lutamos por nossos direitos e minha expectativa é que haja um acordo, porque a greve é um recurso muito desgastante'', disse.



Nilton Horie Shigueharu, também operário na Hikari, lamentou a postura de intransigência dos diretores da empresa. ''Parece que querem nos vencer pelo cansaço, mas estamos firmes e não vamos desistir'', garantiu.



Já era noite de quarta-feira quando os trabalhadores deixaram o Conselho Regional do Trabalho sem nenhuma proposta da fábrica. Com o fracasso nas tentativas de acordo, decidiram pela greve imediata.



Segundo o líder sindical Alessandro Onari, causou revolta o que chamou de ''falta de palavra'' dos diretores da empresa, que na reunião deveriam definir as bases para o contrato direto dos trabalhadores, mas que teriam voltado atrás. ''Não nos interessa o contrato de apenas 6 meses que eles propuseram'', afirmou. A empresa também não se manifestou sobre o aumento salarial reivindicado pelos operários.



Diretores da fábrica que estiveram no Conselho Regional do Trabalho não quiseram se manifestar sobre o impasse com os trabalhadores.



Descontentes, os operários decidiram paralisar o serviço a partir da quinta-feira (9) por tempo indeterminado e tiraram o dia para um protesto com faixas e cartazes no centro de Tsu, ao mesmo tempo que o sindicato Union Mie dava entrada no processo coletivo.