Gabeira é acusado de preconceito contra o subúrbio

A revolta popular contra as declarações preconceituosas do candidato do PV à prefeitura do Rio, Fernando Gabeira, antes restrita a manifestações nos bairros, tomou conta da campanha eleitoral. O presidente municipal do PT, Alberes Lima, que apóia Eduar

Cabos eleitorais que participavam do ato lembravam aos eleitores a afirmação que Gabeira fez há poucos dias, insinuando que os suburbanos são analfabetos. A declaração de Gabeira ocorreu durante conversa telefônica ouvida por jornalistas, na qual o candidato verde-demo-tucano disse que a vereadora Lucinha (PSDB) tinha uma visão suburbana e era analfabeta política. O deslize verbal de Gabeira agrava ainda mais sua imagem junto aos eleitores mais pobres, que já o encaravam como o candidato da elite e da Zona Sul.


 


''Se uma vereadora ele tratou da forma que tratou, imagina o povo'', discursou Lima, no Calçadão de Campo Grande.


 


''Eduardo Paes é o prefeito que respeita a zona oeste, um prefeito sem preconceito. O prefeito tem que gostar da cidade toda. Suburbano merece respeito'', disse o petista.


 


Paes, por sua vez, tem afirmado que ''o povo do subúrbio se sentiu ultrajado'' com as declarações de Gabeira e que o adversário ''colocou de maneira muito clara o que pensa do subúrbio, o que é preconceito''.


 


Região de grande interesse de qualquer candidato majoritário, a zona oeste concentra 34,4% do eleitorado do Rio e é formada principalmente por subúrbios onde vivem pessoas de baixa renda. No primeiro turno, Paes teve a maior parte dos votos da região (34,53%) e Gabeira (17,79%) ficou em terceiro lugar, atrás do candidato derrotado do PRB, senador Marcelo Crivella (23,03%).


 


Jogar lixo no subúrbio e baixada


 


O duro discurso anti-Gabeira do ato tem sido repetido por militantes que têm feito uma campanha informal contra Gabeira nas zonas norte e oeste.


 


Lideranças políticas e moradores destas regiões acusam o candidato do PV de querer levar todo o lixo da cidade para o projetado aterro de Paciência, na zona oeste, contra o qual Lucinha luta. ''Gabeira mostra ao que veio (sic)'', diz um panfleto de protesto da Associação de Moradores do Morro São José da Pedra, de Madureira (zona norte).



Após a péssima repercussão de sua proposta, Gabeira se viu obrigado a voltar atrás e anunciou ter entrado em acordo com a parlamentar em relação à proposta do lixão em Paciência – um depósito de lixo ainda em projeto. ''Somos contra'', disse Gabeira. Segundo ele, serão examinadas outras alternativas para lançamento do lixo, como ampliar o depósito de Gericinó e enviar o lixo para Nova Iguaçu.



Mas a nova proposta do candidato também foi rechaçada pelos moradores da baixada fluminense.



No último dia 13, o vereador reeleito em Nova Iguaçu, Fernando Cid (PCdoB), fez na Câmara um duro discurso contra a proposta de Gabeira.



“Nova Iguaçu não é o quintal do Rio, como alguns pensam. A população já convive com a falta d’ água, apesar de o Rio Guandu ficar no município. Agora querem nos empurrar o lixo do Rio”, criticou o vereador, que vai pedir explicações ao secretário de Meio Ambiente de Nova Iguaçu, José Augusto Venda, presidente do diretório municipal do PV.



“Agora querem jogar o lixo aqui, uma proposta de quem não conhece o lugar. A população rejeita essa tentativa de trazer o lixo para a cidade. Prefeitura não confirmou qualquer acordo, que também não foi debatido na Câmara”, disse indignado.



O aterro recebe de Nova Iguaçu mil toneladas de lixo por dia e tem capacidade de armazenagem de 25 anos. Já o Rio produz seis vezes mais e despeja grande parte dos dejetos em Gramacho, Caxias, que terá o lixão desativado em dois anos. A Central de Tratamento de Resíduos, empresa que administra o aterro sanitário de Nova Iguaçu, informou que a empresa não comentaria a sugestão de Gabeira porque não fora comunicada por ele.



Da redação,
Com agências