Lula na Índia: Brasil, Índia e África do Sul assinam acordos

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, encerrou nesta quarta-feira (15) sua visita à Índia, onde participou da 3ª Reunião de Cúpula do IBAS (grupo que reúne Índia, Brasil e África do Sul). O presidente seguiu para Moçambique onde fará, a

Além de discutir formas de ampliar o comércio entre os três países e de cooperação em assuntos como a aviação civil, meio ambiente, turismo e a defesa das mulheres, os chefes de governo dos três países conversaram sobre a crise internacional e a conclusão da Rodada Doha, de liberalização do comércio mundial.



Da reunião de Lula com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e o presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe, surgiu, inclusive, a idéia de se convocar uma reunião emergencial entre os ministros da Fazenda e de Comércio e dos presidentes dos Bancos Centrais dos três países, para discutir formas de lidar com a crise financeira.



''O fato de os presidentes terem instruído os ministros da Fazenda e os presidentes dos Bancos Centrais a entrarem em acordo não é uma coisa trivial. Isso é uma coisa nova'', afirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, ao fazer um balanço da visita.



Lula encerrou a visita à Índia com uma reunião com a presidente indiana, Pratibha Patil, no Palácio Presidencial, em Nova Délhi. Lula ainda assistiu a um espetáculo de dança típica da Índia e jantou com a presidente indiana, o primeiro-ministro Manmohan Singh e o sul-africano Kgalema Motlanthe.



Acordos assinados



Brasil, África do Sul e Índia assinaram vários convênios e dois planos de ação para fomentar a cooperação trilateral em comércio, turismo, meio ambiente e o transporte marítimo e aéreo.



Um dos documentos assinados é um memorando de entendimento de facilitação comercial com o qual se pretende entrar em acordo sobre regras, regulamentações técnicas e normas que contribuam para agilizar o comércio trilateral.



Outro memorando de entendimento estabelece um grupo de trabalho sobre o meio ambiente, o qual terá a tarefa de institucionalizar a cooperação nesta esfera.



Um terceiro memorando está destinado a estabelecer um centro de pensamento para especialistas e catedráticas femininas com o objetivo de discutir e propor programas destinados a fomentar o desenvolvimento das mulheres e a igualdade de gênero.



O acordo sobre turismo contempla a assistência para capacitar e desenvolver os recursos humanos neste setor.



Os dois planos de ações sobre transporte marítimo e aéreo cobrem 10 áreas de cooperação com o objetivo de facilitar o intercâmbio, o comércio e a segurança no uso destes meios entre os três países.



Na véspera da 3.ª Cúpula de IBAS, desenvolveram-se também em Nova Deli um foro de negócio, outro acadêmico, um sobre o problema que enfrentam as mulheres e um quarto de editores de imprensa.



Cada um deles apresentou para a consideração dos dignatários relatórios separadamente com sugestões e propostas para atender os problemas que se apresentam nessas áreas.



Nova ordem mundial



Lula considerou que a atual crise financeira provocada pelos países ricos mostra a prevalecente necessidade do estabelecimento de uma nova ordem mundial.



''Como economias emergentes, temos que assumir a responsabilidade de definir uma nova ordem global, tanto política, financeira como econômica'', enfatizou o mandatário brasileiro.



''Não faz sentido'', acrescentou, ''que o comércio entre países como os nossos seja afetado por problemas financeiros oriundos de nações ricas e provocados por especuladores que transformam o mundo em um grande cassino'', ressaltou.



Lula convidou a ''colocar nossa vontade política, nossa imaginação criativa a serviço das relações que nos protejam das volatilidades geradas pela especulação''.



Citou como exemplo que o comércio atual entre seu país e a Argentina funciona em moeda local, sem necessidade de usar o dólar.



Neste sentido, chamou a diversificar o intercâmbio Sul-Sul com a participação de uma maior quantidade de nações em desenvolvimento, para assim serem menos vulneráveis a crises como a atual.



Igualmente, sugeriu que a Índia, Brasil e a África do Sul, como países mais desenvolvidos do Sul, estendam sua solidariedade com os mais pobres através do Fundo do IBAS e seu potencial de cooperação.



Lula enfatizou a necessidade de políticas dirigidas para combater a pobreza e garantir a alimentação. ''É imperativo conceber um novo modelo mundial de produção e abastecimento de alimentos'', afirmou.



Com respeito ao comércio mundial, considerou inadmissível que os subsídios agrícolas dos países ricos sigam gerando fome e prejudiquem as agriculturas do mundo em desenvolvimento.



Essa é uma luta que o G-20 e ''nossos países devem continuar para conseguir a conclusão da Rodada de Doha'', concluiu.