Procurador sugere comissão para investigar operação da ditadura

O procurador-regional da República em São Paulo Marlon Weichert sugeriu nesta quarta-feira (15) a criação de uma comissão para investigar a Operação Bandeirante (Oban) – um centro de informações, investigações e torturas montado pelo Exército brasileir

A proposta foi apresentada por Weichert durante sua participação no 2º Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos deputados em parceria com entidades de anistiados de todo o País.



No encontro, ele lembrou que diversos países, como África do Sul e Argentina, adotaram comissões de verdade, enquanto o Brasil permanece como um exemplo negativo na América Latina de quem não investiga os acontecimentos e se contenta com versões desencontradas.



Weichert acredita que a formação de um primeiro grupo (que nesses casos é chamado comissão de verdade) que apure versões de vítimas, de testemunhas e de torturadores poderia servir de exemplo para o País e seria um primeiro passo para a constituição da verdadeira história do período militar (1964-1985).



Medo da verdade



No caso específico da Oban, a comissão de verdade poderia trazer à tona a participação de empresas brasileiras e estrangeiras na violação de direitos humanos. ''Basta vontade política, um decreto do presidente da República, para que se crie essa comissão'', afirmou.



Marlon Weichert lamentou o fato de que o Brasil não tenha aberto até hoje os arquivos da ditadura, o que considera um desrespeito à Constituição. ''O Brasil parece temer a verdade. Há um medo de desconstituir biografias. Pune-se toda uma nação para preservar imagens de pessoas'', disse. Segundo o procurador, saber o que aconteceu durante a ditadura é fundamental, até para que o período de torturas não se repita.


 


O temor do procurador da ausência de ações para a busca da verdade é que o Brasil seja condenado internacionalmente por não esclarecer o período da ditadura. Uma condenação, segundo ele, poderia prejudicar a disputa brasileira por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).




Com Agência Câmara