Egito saúda estabelecimento de relações sírio-libanesas

O Egito considerou nesta quinta-feira (16) como um “passo na direção correta” o estabelecimento de relações diplomáticas entre a Síria e o Líbano, e exortou a ambos os países a empreender outras ações para consolidar os vínculos bilaterais.

Num comunicado distribuído à imprensa na cidade do Cairo, capital egípcia, o chanceler Ahmed Aboul Gheit saudou a decisão de Damasco e Beirute de constituir um momento sem precedentes desde a independência de ambos os países da França, há mais de 60 anos.



Aboul Gheit assegurou que o “Egito está satisfeito pelo anúncio do estabelecimento de relações diplomáticas entre esses dois estados vizinhos” e defendeu que sejam desenvolvidas “com respeito à soberania de cada um”.



Os ministros de Relações Exteriores da Síria e do Líbano assinaram na quarta-feira em Damasco um documento que marcou o início formal dos laços ao mais alto nível, um dia após o presidente sírio, Bashar al-Assad, ter emitido um decreto a respeito.



O decreto presidencial orientava a abertura de uma embaixada em Beirute, apenas um mês depois de seu homólogo libanês, Michel Suleimán, ter feito o mesmo para favorecer a instalação de uma representação em Damasco, antes que se conclua o ano de 2008.



Os laços entre ambas as nações tiveram uma melhoria significativa desde que seus respectivos mandatários se reuniram em Paris em julho, em ocasião da cúpula da União pelo Mediterrâneo, e manifestaram interesse em normalizá-los.



Apesar de terem existido vínculos, sobretudo no plano militar, os dois países resistiram todo este tempo a se reconhecer mutuamente.



Fontes locais lembraram que a Síria foi remissa a que França desmembrasse seu território para criar o Líbano antes da II Guerra Mundial, dominado pela comunidade cristã maronita.



A raiz da guerra civil libanesa (1975-1990) e a pedido do governo de então, Damasco enviou e manteve tropas ali durante quase 30 anos até sua retirada em 2005 por pressões norte-americanas e européias, após o assassinato do ex-premiê Rafik Hariri.



Setores ligados aos Estados Unidos e inimigos do governo sírio trataram de vinculá-lo com o crime e acusaram-no de se intrometer nos assuntos internos de seu vizinho, acusações dissipadas em parte com a visita a Damasco do presidente Michel Suleimán, em setembro passado.