Egito convida rivais palestinos à reconciliação
O Egito convidou as organizações palestinas rivais do Hamas e da Al Fatá a se encontrarem no Cairo em 9 de novembro para negociações visando a restauração da unidade palestina. “Recebemos ontem (19) um esboço da visão egípcia sobre a reconciliação, que in
Publicado 20/10/2008 17:09
“O Hamas não tem nenhum problema em comparecer (ao encontro) e fomos os primeiros a fazer o chamado por conversações palestino-palestinas para encerrar o conflito interno”, disse Barhoum. Já o doutor Abdallah Abdallah, membro da bancada da Al Fatá no Parlamento palestino, comentou para a TV Al Jazira que “o governo egípcio enviou seu convite a todas as 13 facções palestinas”, mas não confirmou se sua organização comparecerá.
As duas principais organizações palestinas enfrentam uma aguda divisão desde que o Hamas assumiu o pleno controle da faixa de Gaza, em junho de 2007, deslocando as forças de segurança leais ao presidente palestino e líder da Al Fatá, Mahmoud Abbas.
Mandato de Abbas em debate
A divisão entre Al Fatá e Hamas se agravaram nas últimas semanas em meio a desacordos sobre quando se encerra o mandato presidencial de Abbas, eleito em janeiro de 2005. O Hamas sustenta que ele deixará de ser presidente ao se concluir oficialmente seu mandato de quatro anos, em 8 de janeiro próximo. Os partidários de Abbas, citando uma lei palestina, afirmam que as eleições, presidenciais e parlamentares, devem ter lugar simultaneamente, o que dilataria o mandato do presidente até 2010.
Abbas fez um chamamento por um governo de unidade nacional politicamente independente, que pavimente o caminho rumo a eleições a serem realizadas em data a ser consensuada. Esta posição refletiu-se em um esboço de plano de reconciliação, obtido por Al Jazira, adiantado pelos mediadores egípcios antes das conversações.
O plano faz um apelo em favor do “estabelecimento de um governo de consenso nacional”, que suspenderia o bloqueio internacional contra a faixa de Gaza, hoje governada pelo Hamas, e prepararia as eleições presidenciais e parlamentares. Depois que o Hamas assumiu o controle do território, Israel impôs o bloqueio, limitando o abastecimento e a atividade econômica.
O plano também prevê uma força de segurança palestina independente, estabelecida com ajuda de Estados árabes e com a incorporação do Hamas à Organização de Libertação da Palestina (OLP), encabeçada por Abbas e responsável pelas negociações com Israel.
“Mapa do caminho” da reconciliação
“O que o esboço estabelece basicamente é uma declaração de princípios, que o Egito deseja fazer assinar por todas as facções palestinas, não apenas o Hamas e a Al Fatá, aceitando tomar parte de comitês que discutirão cada ponto”, informou Nour Odeh, a correspondente da Al Jazira em Ramalá, na Cisjordânia.
O esboço é visto como um “mapa do caminho para alcançar a reconciliação nacional dos palestinos e foi esboçado sob a forma de certo número de pontos, sobre os quais Hamas, Al Fatá e outras facções já teriam expressado sua concordância”, escreve a jornalista.
“Mas o demônio está nos detalhes e é preciso esperar para ver como estas tendências se comportarão na construção de um consenso quanto a cada ponto”, prossegue Nour Odeh. “Todas as facções concordaram que a OLP, no momento encabeçada pelo presidente Mahmoud Abbas, será a única parte responsável pelas negociações com Israel”, agrega ela.
Israel, a União Européia e os Estados Unidos consideram o Hamas como uma organização “terrorista”. Há quem manifeste a preocupação de que uma plena reconciliação palestina conduza a sanções.
Com informações da Al Jazira (http://english.aljazeera.net)