OIT calcula 20 milhões de desempregados a mais em 2009

A crise financeira e suas repercussões na economia real ameaçam criar mais 20 milhões de desempregados no mundo até o fim de 2009. A previsão foi feita nesta segunda-feira (20) pelo chileno Juan Somavia, diretor-geral da OIT (Organização Internacional do

Conforme a OIT, “o número de desempregados pode passar de 190 milhões em 2007 para 210 milhões no fim de 2009”. Somavia apresentou a estimativa em uma coletiva de imprensa, agregando que esses números podem piorar em função do impacto da crise sobre a economia real. Segundo ele, “seria a primeira vez na história” que o número de desempregados superaria 200 milhões.



“Necessitamos de uma ação rápida e coordenada dos governos para prevenir uma crise social que poderia se mostrar severa, prolongada e global”, disse o diretor-geral da OIT. Segundo ele, o número de “trabalhadores pobres” – com renda inferior a um dólar por dia – pode crescer em 40 milhões e o de pessoas com renda até dois dólares incrementar-se em 100 milhões, sempre na comparação entre 2007 e 2009. Ele avaliou que “o impacto (da crise) seria global”, atingindo principalmente os setores da construção civil, finanças, serviços e turismo.



“Os países com um grande mercado interno e menos exportações” deverão ser menos afetados, avaliou Somavia. Para o diplomata chileno, esta “não é apenas uma crise de Wall Street, é também uma crise de todas as ruas”, o que exige um plano de salvamento concentrado na economia real e na questão social.



O diretor da OIT também sublinhou que a defesa do trabalho digno, promovido por esta organização da ONU, deve estar “no coração” das discussões sobre a reorganização do sistema financeiro internacional, anunciada pelos presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e da França, Nicolas Sarkozy. Para Somavia, a crise deve ser encarada como uma “oportunidade” de devolver o eqüilíbrio a uma mundialização que se tornou “desigual e efêmera”.



Conforme o diplomata, trata-se de se restituir seu lugar à economia real, debilitada pela esfera financeira. “O nível dos lucros (do setor financeiro) tornou-se tão alto que os bancos preferiram as finanças” ao apoio às empresas que criam empregos, explicou Somavia. “O sistema financeiro internacional deve retornar à sua função básica, que é a de emprestar”, defendeu ele.



Com informações do site do jornal francês Le Monde