Marcos Valério teme queima de arquivo

A Justiça Federal decretou a prisão preventiva do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, alvo maior da Operação Avalanche – investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de fraudes fiscais, extorsões e espionagem do qual o caixa 2 do men

O empresário foi capturado há 13 dias, em caráter temporário, mas o regime foi convertido em cárcere preventivo. A PF suspeita que ele deu fim a documentos que poderiam comprometê-lo e a seus aliados – empresários, lobistas, advogados e policiais federais.


 


A decisão de mantê-lo preso é da juíza Paula Mantovani, da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que a estendeu ao advogado Rogério Tolentino, sócio de Valério. A juíza acolheu representação do delegado Rodrigo de Campos Costa, chefe do Setor de Inteligência da PF e condutor da Avalanche. Costa e sua equipe descobriram que, no dia anterior à operação, Valério teria sido alertado e só não escapou porque foi mantido sob severo monitoramento.


 


Interceptações telefônicas realizadas mediante autorização judicial reforçam a suspeita da PF. «Verifico, pela leitura dos diálogos mantidos entre os próprios investigados Marcos e Rogério, bem como destes últimos com outros interlocutores, no dia anterior ao da deflagração da operação, que o primeiro (Valério) já tinha recebido, de pessoa não mencionada nas conversas, informação de que seria preso, informação esta repassada ao segundo (Tolentino)», assinalou a juíza.


 


A PF constatou que horas antes da Avalanche dois veículos deixaram a casa de Valério de madrugada. «Aludido fato demonstra ser bem provável que os automóveis foram até o local para dele retirar documentos ou outras evidências comprometedoras, não sendo razoável supor-se que tal saída, pela hora em que ocorreu, referia-se a assuntos rotineiros e sem importância para o caso.»


 


A juíza avalia que «ambos os investigados têm ampla possibilidade de acesso aos órgãos públicos e de obter deles informações sigilosas, de modo que sua colocação em liberdade, nesse momento, colocaria em sério risco a regularidade da instrução criminal».


 


A defesa de Valério teme que ele seja morto se transferido para uma prisão comum. «Há pessoas interessadas no seu silêncio que podem, valendo-se da oportunidade, encomendar sua morte, numa típica ação de queima de arquivo», assinalam os criminalistas Marcelo Leonardo e Sérgio Rodrigues Leonardo em ofício enviado em caráter de urgência à juíza e ao superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra.


 


Publicado no jornal Hoje em Dia (21/10/2008)