Exercício de defesa mobiliza forças armadas da ex-URSS

As manobras que as unidades de defesa antiaérea dos países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) realizarão em 23 de outubro confirmam a necessidade de preservar a segurança coletiva no espaço aéreo do espaço pós-soviético.


 


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O porta-voz do Força Militar Aérea, (VVS em russo), tenente coronel Vladimir Drik, confirmou que participarão nestes exercícios militares mais de 50 bombardeiros, caças e helicópteros, incluído o avião de inteligência aérea a distância remota A-50.



As operações envolverão a forças localizadas no Cazaquistão, Sibéria, a zona européia da Rússia, Belarus, Armênia e outros estados membros da CEI, acrescentou o especialista.



Drik esclareceu que os efetivos e tripulações de aviões e helicópteros prestarão especial atenção durante o exercício à coordenação de operações para neutralizar as naves que entram ilegalmente no amplo espaço aéreo da CEI.


A consolidação de um sistema unificado de defesa antiaérea neste território centrou os debates dos ministros de Defesa dessas repúblicas ex-soviéticas reunidos recentemente em São Petersburgo, Rússia.



Presididos pelo titular dessa pasta na Federação Russa, Anatoli Serdiukov, os especialistas prestaram atenção, também, ao trabalho realizado pelos órgãos do Conselho de responsáveis dos sistemas defensivos da CEI em 2008 e ao plano de trabalho do próximo ano.



A reunião produziu-se num ambiente de tensão provocada pela expansão da Otan para as fronteiras do espaço pós soviético e o iminente deslocamento de elementos do escudo antimíssil americano na República Tcheca e Polônia.



A isto se acrescenta a decisão do Kremlin de reforçar seus meios de dissuasão estratégica depois da agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul com o respaldo de Washington e seus aliados da aliança, bem como a retirada de Tblissi da CEI e de seu sistema defensivo.



Na atualidade integram a CEI a Armênia, o Azerbaijão, a Belarus, o Cazaquistão, o Quirguistão, a Moldova, a Rússia, o Tadjiquistão, o Uzbequistão, a Ucrânia e o Turcomenistão (que é membro associado).



Uma advertência sobre o potencial de conflito que o Pentágono está criando na zona, com a cumplicidade de alguns aliados europeus, foi expressada no início de setembro pelos chefes de estado da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).



Nesta estrutura defensiva participam a Armênia, a Belarus, o Cazaquistão, o Quirguistão, a Rússia, o Tajiquistão e o Uzbequistão.



Ao analisar a debilidade que poderia provocar no flanco sul a retirada da Geórgia – ao que se acrescenta a aproximação do presidente ucraniano, Viktor Iuchtchenko, com a Otan —, uma fonte militar contribuiu recentemente com dados sobre uma sólida opção.



O chefe da VVS, coronel-general Alexander Zelin, afirmou que uma base militar na república separatista de Abcásia ajudaria a cumprir essas tarefas defensivas.



Nesta zona Moscou guarda estreitos vínculos com a Armênia como parte do sistema unificado de defesa antiaérea, e poderia reforçar sua presença a tenor do acordo de colaboração militar rubricado em setembro pelos presidentes da Rússia, Abcásia e Ossétia do Sul.



A disponibilidade nesta e outras regiões da CEI dos ultramodernos complexos de mísseis antiaéreos S-400 Triunfo no futuro próximo poderiam transformar os céus pós-soviéticos em praticamente impenetráveis, e constituiriam a base de uma futura defesa cósmica.



O sistema móvel S-400 Triunfo, produzido pela fábrica moscovita Almaz, pode seguir até 12 alvos ao mesmo tempo e seus radares são capazes de detectar naves dotadas com tecnologia de baixa observabilidade, ou stealth.



Está destinado a abater qualquer tipo de avião, míssil ou aparelho aéreo não tripulado. Também pode ser aproveitado para interceptar objetivos balísticos, com o que se converte em elemento chave da defesa antimíssil do cenário de operações.



O alcance do novo míssil, tratando-se de alvos aerodinâmicos, é de 400 quilômetros de distância e 30 quilômetros de altura. A principal diferença entre os sistemas S-400 e S-300 consiste em que os novos mísseis levam cabeças auto-guiadas ativas.



Diferentemente do Patriot americano, que não pode derrubar objetivos a uma altura inferior a 60 metros, o S-400 é capaz de abater aviões e mísseis de cruzeiro a qualquer altitude, a partir de 10 metros, segundo Zelin.



Outra vantagem do S-400 sobre o Patriot consiste na decolagem vertical, fator que permite contra-atacar um objetivo procedente de qualquer direção sem necessidade de girar a plataforma de lançamento.



O modelo americano demora meia hora em para ser colocado em posição de ataque, enquanto o russo S-400 o faz em menos de cinco minutos, sustentou o coronel general.