New York Times apóia Obama em editorial
O candidato do Partido Democrata dos Estados Unidos à presidência, Barack Obama, recebeu na quinta-feira (23) à noite o apoio de um dos mais influentes veículos de comunicação do país, o The New York Times.
Publicado 24/10/2008 16:22
O jornal americano havia apoiado a democrata Hillary Clinton nas eleições primárias. A posição do jornal já era esperada, segundo comentários de outros meios de comunicação do país.
Nos Estados Unidos é considerado absolutamente normal, e saudável, que os meios de comunicação assumam posição a favor de candidatos nas diferentes eleições do país. De forma diferente do Brasil, onde a mídia esconde quem apóia em nome de uma fantasiosa “imparcialidade”.
O editorial diz que Obama “atraiu legiões de novos eleitores com poderosas mensagens de esperança, e também com pedidos de sacrifício partilhado e de responsabilidade social”.
O jornal acrescentou que o candidato democrata mostrou durante a campanha fazer julgamentos sensatos. “Acreditamos que ele tem a vontade e a capacidade de forjar um amplo consenso político que é essencial para encontrar soluções para os problemas deste país”, diz o editorial.
“Os EUA estão surrados e à deriva depois de oito anos de liderança fracassada do presidente Bush” diz o editorial.
“Ele está deixando para seu sucessor a carga de duas guerras, uma imagem global arranhada e um governo sistematicamente desnudado de sua capacidade de proteger e ajudar seus cidadãos”, afirma o texto.
“Duros como estes tempos são, a escolha de um novo presidente é fácil. Depois de quase dois anos de uma campanha árdua e feia, o senador Barack Obama, de Illinois, provou que é a escolha certa para ser o 44º presidente dos EUA”, prossegue o editorial.
“O senhor Obama enfrentou com sucesso desafio depois de desafio, crescendo como líder e colocando substância em suas promessas iniciais de esperança e de mudança” e “tem a disposição e a capacidade para forjar o consenso político amplo que é essencial para encontrar soluções para os problemas da nação”.
Quanto ao senador John McCain, que disputa a eleição pelo Partido Republicano, o New York Times afirma que ele “recuou mais e mais para a marginalidade da política americana, ao conduzir uma campanha baseada em divisão partidária, luta de classes e mesmo sugestões de racismo”.
“Suas políticas e visão do mundo estão presas no passado. Sua escolha para vice, tão evidentemente despreparada para a função, foi um ato final de oportunismo e mau julgamento que ofusca as realizações de seus 26 anos no Congresso.”
O jornal apóia candidatos do Partido Democrata desde a candidatura de John Kennedy, em 1960. O último republicano apoiado pelo New York Times foi Dwight Eisenhower, em 1956. Essa é uma prática do jornal inaugurada em 1860. Veja (em inglês) quem o New York Times apoiou nessa trajetória da política americana em 148 anos.
“O sr. McCain, que escolhemos como o melhor indicado republicano nas primárias, gastou as últimas moedas da sua reputação de ter princípios e bom-senso para aplacar às exigências ilimitadas e à visão estreita da ultra-direita”, afirmou o texto.
Outros jornais importantes dos Estados Unidos anunciaram seu respaldo a Obama, como o Los Angeles Times, o Chicago Tribune e o Washington Post.
Segundo o site Editor&Publisher, que cobre a indústria de jornais americana, até o início desta semana, 124 diários haviam anunciado seu apoio ao democrata, contra 46 ao republicano — numa margem de quase 3 para 1 e que inclui publicações com grandes tiragens.
Em termos de circulação, os 124 jornais que apóiam Obama representam 13,774 milhões de exemplares diários, enquanto os 46 de McCain correspondem a 3,926 milhões.
Da redação, com informações do The New York Times