350 mil brasileiros aguardam cirurgia de catarata, diz conselho
Cerca de 350 mil brasileiros aguardam na fila por uma cirurgia de catarata e 26 mil pacientes aguardam pelo transplante de córnea. Os dados são do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) que, em conjunto com o Ministério da Saúde, o Se
Publicado 25/10/2008 19:45
Segundo o presidente do CBO, o paranaense Hamilton Moreira, a programação inclui a apresentação da Política Nacional de Prevenção da Cegueira, do relatório A Saúde Ocular do Brasileiro – 2008, dos desafios e metas do programa Olhar Brasil, da Campanha Nacional de Doação de Córneas, e um debate sobre a realidade que envolve os transplantes de córnea. “Será apresentado o mapeamento atualizado das principais doenças oculares no país, a incidência da cegueira por faixa etária, o número dos transplantes e estatísticas por estado”, disse o oftalmologista.
O Ministério da Saúde baixou portaria instituindo a Política Nacional de Prevenção da Cegueira, que será discutida durante o encontro. “Queremos que a cirurgia de catarata entre na rotina do sistema público a partir de 2009”, afirmou o médico. Segundo ele, recursos extras e permanentes do Ministério da Saúde para o custeio das cirurgias constam na política nacional, definida em conjunto com a classe médica e parlamentares.
O presidente do CBO defendeu investimentos em oftalmologia de forma preventiva. Ele citou o programa Olhar Brasil que, com o apoio do Ministério da Saúde, tem a expectativa de, em um prazo de dois anos, examinar mais de 45 milhões de pessoas, com foco especial nos estudantes.
“Pretendemos combater as principais causas da cegueira e impedir que situações de simples solução, como os erros de refração, resultem em limitação visual porque não foram corrigidas adequadamente com óculos, lentes ou cirurgia”, disse.
De acordo com o médico, a campanha Desta Vida Você não Leva Nada. Mas Pode Deixar. Doe Córneas será apresentada durante o fórum para subsidiar um diagnóstico que indique os motivos pelos quais ainda persiste uma demanda reprimida de transplantes de córnea no país. Os 26 mil pacientes que aguardam pela cirurgia representam um número muito alto, na avaliação do presidente do CBO.
“As pessoas não permitem a retirada de córneas de parentes mortos porque temem pela estética do doador”, afirmou Moraira. Ele explicou que a estética não é afetada no procedimento de retirada da córnea e que com esse gesto solidário a família pode estar devolvendo a visão para duas pessoas.
Marisa Moretti Galvão leva uma vida normal porque Kátia Regina Esperança autorizou a doação das córneas da irmã que tinha acabado de morrer, vítima de um acidente de trânsito. Moretti conta que descobriu, aos 14 anos, que tinha ceratocone – caracterizada por afinamento na córnea , deixando-a com formato cônico. No início de 2007, perdeu parcialmente a visão e teve que se afastar do trabalho. O médico disse a ela que a indicação era o transplante, senão a doença se transformaria em cegueira. A espera demorou um ano e meio.