Josias, o ''temerista'', investe contra os deputados ''traidores''

Temer obteve durante a semana o apoio das bancadas de 12 partidos, uma ''contabilidade francamente favorável'', conforme Josias de Souza. O comentário no Blog do Josias, porém, alterna o otimismo ''temerista'' com uma mal disfarçada inquietude.

O chapa-branca era Silvério…

A candidatura Temer vem de um acordo do PMDB com o PT, fechado dois anos atrás. Além dessas duas legendas, que têm as maiores bancadas na Câmara, soma ainda os apoios das cúpulas do PSDB, DEM, PPS, PR, PTB, PV, PSC, PTC, PHS e PTdoB.

''Juntas, essas legendas abrigam 398 deputados. Temer precisa de 257 votos para prevalecer já no primeiro turno. Sobram-lhe 141 votos'', alegra-se Josias neste sábado em seu blog.

O problema com essa aritmética que não oculta seu ''temerismo'' é que, na eleição para presidente da Câmara que deve ocorrer em fevereiro, não votam os partidos e sim os deputados.

Josias dá-se conta do perigo. ''Como o voto é secreto, quem disser que põe a mão no fogo pelos aliados arrisca-se a sair chamuscado'', escreve. Ele se insurge contra os que chama ''traidores'' e até ''Silvérios'' (possivelmente aludindo a Joaquim Silvério dos Reis, o delator de Tiradentes, esquecido de que o chapa-branca de então era Silvério).

Primeiro objetivo é o segundo turno

Três candidaturas se colocam como alternativa a Temer para presidir a Câmara: Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi lançado pelo Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PCdoB-PMN-PRB), com 75 deputados; Ciro Nogueira (PP-PI) é o candidato de seu partido, que tem 41 deputados; e  Osmar Serraglio (PMDB-PR) lançou-se como candidato ''avulso'', nesta sexta (19).

Os três candidatos alternativos terão como objetivo conjunto fazer com que Temer não chegue a 258 votos (metade mais um dos 503 deputados) e a disputa vá para o segundo turno. Nesse caso, será uma desmoralização para Temer. E será também uma segunda eleição – embora realizada em seguida à primeira, em um quadro já desfavorável ao candidato oficial.

As contas de Josias

''Precavidos, os estrategistas de Temer trabalham com uma espécie de 'índice de traição'. Fixaram-no em 30%'', relata Josias, em plena campanha ''temerista''.  

''Aplicando-se o índice ao cesto de votos de Temer (398), chega-se a uma traição potencial de 120 deputados. Subtraindo-se esse contingente de quintas-colunas dos quadros dos 12 partidos fechados com Temer, ainda sobrariam 278 votos'', prossegue o blogueiro, pegando cada vez mais pesado no insulto aos deputados que ousarem desafiar as cúpulas de suas legendas.

''Ainda que se confirmasse essa torrente de traições, Temer ainda somaria 21 votos além do mínimo necessário de 257'', conclui, aliviado.

''Os adversários de Temer enxergam no PT e no DEM os dois maiores ninhos de Judas do candidato favorito'', prossegue o jornalista, chegando à apoteose de sua escalada de insultos.

''A bancada do PT soma 80 votos. Ciro Nogueira estima que vai pescar 40 votos na bancada do DEM. Façam-se as contas: 80 + 40 = 120. Supondo-se que toda a bancada do PT traísse Temer e que Ciro conseguisse atrair a simpatia de quatro dezenas de 'demos', ainda não se chegaria às 142 defecções necessárias para arrancar a vitória de Temer'', alivia-se outra vez.

''Os adversários de Temer vão à disputa pendurados na aposta da traição. O candidato do PMDB vai à eleição com o apoio institucional da maioria dos partidos. Organizada como um superbloco, a locomotiva de Temer negocia a repartição dos demais cargos da Mesa diretora da Câmara. Algo que ajuda a amarrar os votos'', assevera Josias de Souza.

É legítimo e até positivo que jornalistas em geral e blogueiros em particular engajem-se na defesa de causas que julguem merecer seu apoio. Josias de Souza no entanto não fornece um só argumento para demonstrar o porquê de seu candidato na Câmara. Muito estranho.

Com informações da Folha Online