Bolívia: pesquisas indicam vitória do 'sim' no referendo constitucional
Os bolivianos aprovaram neste domingo (25) o referendo da nova Constituição, segundo todas as pesquisas de boca de urna realizadas pelos canais de televisão do país.
Publicado 25/01/2009 21:38
As pesquisas das redes PAT, Unitel e Red Uno deram que entre 60% e 61% dos votantes respaldaram a implantação da nova Carta Magna, enquanto o “não” conseguiu em torno de 40% dos votos.
Já a pesquisa da rede ATB também deu vitória ao “sim”, mas com uma margem muito mais apertada – 50,6% contra 49,4% do “não”.
As mesas de votação do referendo boliviano começaram a encerrar suas atividades às 16h (18h em Brasília), dando início imediato à contagem dos votos. O processo eleitoral foi concluído após oito horas ininterruptas de funcionamento.
Os bolivianos votaram em um documento de 411 artigos que propunha um país plurinacional, voltado à integração indígena, autônomo e de economia “de estatismo”, mas a oposição afirma que a Carta Magna concede privilégios a grupos étnicos em detrimento dos mestiços e que não contém uma descentralização verdadeira.
Na consulta para definir se um latifúndio ocioso pode ser considerado passível de expropriação pelo Estado, a vitória foi para a proposta que indicava uma superfície de cinco mil hectares, frente à de dez mil hectares, segundo as emissoras de televisão.
Calmaria
Segundo o ministro de Governo do país, Alfredo Rada, a votação transcorreu sem problemas, salvo pequenos incidentes devido a infrações eleitorais. Um total de 3,89 milhões de pessoas estavam habilitadas para votar no referendo.
Horas antes do final da votação, a OEA (Organização dos Estados Americanos) destacou o “clima de tranqüilidade e respeito” e a ausência de irregularidades no referendo.
Em entrevista coletiva, o chefe da delegação de observadores da OEA, o uruguaio Raúl Lago, pediu aos bolivianos que mantivessem “o ambiente de paz que impera em todo o país” para que os votos possam “ser emitidos individual, livremente e de forma secreta”.
Oposição, como sempre, contesta vontade popular
Porém, a oposição – concentrada principalmente no Departamento (Estado) de Santa Cruz – disse que há indícios de fraude no referendo.
De acordo com o líder do partido opositor Podemos (Poder Democrático Social), Jorge Quiroga, “não se trata de um processo eleitoral seguro”. “Existem falhas evidentes, como falta de controle da identidade dos que estão votando”, disse.
Evo Morales tratou com desdém as reclamações da oposição, qualificando estas acusações de “agonia dos derrotados”. Para o presidente, os opositores sabem que a diferença a favor do “sim” à nova Constituição será “enorme” e, por isso, tentam gerar dúvidas sobre a transparência do processo. “É o instrumento de agonia das pessoas derrotadas”, ressaltou o líder boliviano.
Da redação, com agências