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Argentina: Casal K. investe contra a concentração da mídia

A péssima relação entre o casal Kirchner e os principais meios de comunicação da Argentina deverá deteriorar-se ainda mais a partir da próxima quarta-feira (18), com a apresentação do projeto para aprovar uma nova lei de radiodifusão no país (a atual foi

De fato, segundo confirmou uma fonte do governo Kirchner, a presidente argentina incluirá no projeto alguns dos 21 pontos sugeridos pela ONG Coalizão por uma Radiodifusão Democrática.


 


A lista de propostas da ONG argentina inclui, por exemplo, a adoção de ''políticas efetivas para evitar a concentração da propriedade dos meios de comunicação'', a defesa de ''leis antimonopólicas, já que os monopólios e oligopólios conspiram contra a democracia'' e a implementação de ''cotas que garantam a difusão sonora e audiovisual de conteúdos de produção local, nacional e própria'', entre outras.


 


A nova ofensiva do casal presidencial coincide com as cada vez mais fortes denúncias sobre a suposta compra de meios de comunicação por parte de empresários vinculados a Néstor e Cristina Kirchner.


 


De acordo com o deputado opositor Federico Pinedo, do direitista Pro, ''é extremamente perigoso que o governo pretenda participar da guerra pelo controle da mídia e, ao mesmo tempo, estabelecer as regras de jogo do setor''. Nas últimas semanas, a disputa entre Kirchner e grande parte da imprensa local tornouse ainda mais agressiva, sobretudo por parte do casal presidencial.


 


Entrada proibida


 


Depois da derrota de seus aliados na eleição legislativa da província de Catamarca, há uma semana, o ex-presidente mostrou-se furioso pela maneira como a mídia local interpretou o resultado. A grande maioria dos meios de comunicação do país destacou ''a derrota do kirchnerismo'', o que despertou a ira do ex-presidente, que participou ativamente da campanha eleitoral em Catamarca. Kirchner não conseguiu conter sua irritação e, em ato público na província de Buenos Aires, atacou publicamente o grupo Clarín, um dos mais importantes do país.


 


''Qual é seu problema, Clarín? Por que está tão nervoso?'', disse o ex-presidente, que desde sua chegada ao poder protagonizou diversos bate-bocas públicos, não somente com o grupo Clarín, dono de rádios, jornais e canais de TV, mas também com outros veículos importantes, entre eles o jornal La Nación, um dos mais tradicionais da Argentina.


 


Néstor e Cristina Kirchner nunca esconderam suas divergências com os principais meios de comunicação do país, sobretudo com os que se atrevem a criticar o governo.


 


O jornal La Nación foi um dos primeiros a ser considerado, publicamente, inimigo do casal K. Em viagens internacionais, por exemplo, enviados do jornal são excluídos do avião presidencial. Nos últimos meses, jornalistas do grupo Clarín tiveram, na prática, sua entrada proibida na Casa Rosada.


 


''Não foi uma medida anunciada oficialmente, mas cada vez que queremos entrar (na sede do Poder Executivo) o governo inventa uma desculpa para evitar nossa presença'', revelou um alto executivo do canal de TV argentino.


 


Comunicação direta


 


Segundo rumores, o grupo Clarín será um dos principais prejudicados, caso o projeto da Casa Rosada seja aprovado. Paralelamente, informou na semana passada o jornal El Cronista, o casal K estaria analisando a possibilidade de anular a fusão entre os canais de TV a cabo Multicanal e Cablevisión, aprovada pelo Congresso em 2007. Juntos, os dois representam 50% do faturamento do poderoso grupo argentino.


 


Para a jornalista e deputada opositora Norma Morandini, que integra a Comissão de Liberdade de Expressão do Congresso argentino, ''o governo Kirchner tem uma visão autoritária sobre a imprensa''.


 


''Nosso governo pressiona os meios de comunicação, castiga jornalistas, não realiza coletivas e faz uma distribuição seletiva e discriminatória dos recursos da publicidade oficial'', lamentou Morandini. ''A necessária democratização da lei de Rádio Difusão impõe, antes, um debate sobre a liberdade de imprensa e a concepção antidemocrática que se esconde no estilo de comunicação direta defendida e praticada pelo casal que está no poder.''


 


Fonte: O Globo