Tanques ocupam palácio presidencial em Madagascar
Tropas do exército de Madagascar entraram nesta segubnda-feira (16) no palácio presidencial na capital, Antananarivo, segundo testemunhas citadas pela TV árabe Al Jazira. O presidente, Marc Ravalomanana, não estava no prédio, usado para fins
Publicado 16/03/2009 16:32
“Renda-se, renda-se, se está aí, renda-se, pois somos irmãos”, gritou um militar pelo megafone, enquanto a tropa forçava a entrada.
Palácio minado
Informou-se que um contingente dirigira-se para outro palácio, a cerca de 6 quilômetros do centro da cidade, onde se acreditava que Ravalomanana estava. Haru Mutasa, enviada da Al Jazira falando de Antananarivo, disse que o exército havia declarado que tomaria o segundo palácio presidencial à noite.
“A segurança do presidente e os poucos soldados protegendo o presidente minaram a área para garantir que as pessoas não se aproximem”, disse a jornalista. “Eles estão esperando algum tipo de confronto, a questão é quando vai acontecer. Não parece, no momento em que [Ravalomanana] recuará de sua palavra de não deixar o palácio presidencial.”
Crise paralisante
Os acontecimentos de hoje agravam o confronto entre o presidente Ravalomanana e o principal líder oposicionista, Andry Rajoelina, que paralisa a nação insular africana desde o início do ano. Horas antes de ocupar o paláco, Rajoelina exortou as forças de segurança a prender Ravalomanana, que acusa de ser um ditador e de malversação de recursos públicos.
Rajoelina jjá se proclamou governante de fato do país, à frente de uma onda de descontentamento generalizado, especialmente entre os pobres do Madagascar.
“Disseram que ele [Rajoelina] está realmente se preparando para ir ao palácio presidencial manhã (17) para tomar posse e dizer às pessoas que ele está no comando”, informou Haru Mutasa.
Ravalomanana tinha proposto um referendo para pôr fim à crise. Mas Rajoelina respondeu por uma rádio que não havia necessidade de votação pois o povo já tinha expressado claramente sua opinião.
O chefe da forças armadas de Madagascar disse na segunda-feira que elas estão 99% com Rajoelina. “Estamos onde estiver o povo malgaxe. Se Andry Rajoelina pode resolver o problema, estamos com ele”, disse o Coronel Andre Ndriarijaona, que liderou um motim na semana passada e substituiu o chefe militar anterior.
“Tentativa de golpe”
A União Africana tem chamado a situação em Madagascar de tentativa de golpe e exortou o povo a respeitar a Constituição. “A situação em Madagascar é um conflito interno, opinou Edouard Alo-Glele, enviado de Benin à Etiópia, após uma reunião de emergência do Conselho de Paz e Segurança da organização multilateral africana. No entanto, agregou que “é uma tentativa de golpe de Estado. Denunciamos uma tentativa de golpe de Estado”.
Mais de 130 pessoas foram mortas em Madagascar desde que a crise política explodiu, em janeiro. A maior parte morreu quando forças de segurança esmagaram protestos antigovernamentais por ordem de Ravalomanana.
Fonte: Al Jazira