Contribuintes dos EUA ajudam bancos europeus através da AIG
Uma parte significativa do dinheiro colocado pelo Tesouro norte-americano na AIG para salvar a maior seguradora do mundo acabou por ir ter às mãos de bancos europeus, que deste modo se salvaram de problemas mais graves nas suas contas. Depois de uma gr
Publicado 17/03/2009 12:43
Isto é: quais eram os bancos que tinham feito seguros com a AIG para se salvaguardarem contra eventuais perdas nos seus activos e que, agora, perante o colapso de vários mercados, ficaram com o direito de receber os seus seguros. A lista inclui a maioria dos grandes bancos mundiais, com uma predominância significativa dos gigantes europeus.
O francês Société Générale recebeu 11,9 mil milhões de dólares da AIG, ao passo que o Deutsche Bank, o Barclays e o BNP Paribas tiveram direito a 11,8, 8,5 e 4,9 mil milhões. O Santander é outros dos bancos europeus beneficiados, tendo recebido um montante próximo de 300 milhões de dólares. Nas listas disponibilizadas pela AIG não há referência a qualquer banco português.
Entre os bancos norte-americanos beneficiados, destaque para o Goldman Sachs, Merrill Lynch e Bank of America. No total foram 93 mil milhões de dólares, que dificilmente teriam chegado aos cofres destes bancos se o Tesouro norte-americano, ainda durante a presidência Bush, não tivesse decidido injectar na seguradora fundos em larga escala para evitar a sua falência, acabando na prática por a nacionalizar.
Até agora, a ajuda pública dada à AIG, agora também com o acordo do governo Obama, ascende aos 173 mil milhões de dólares.As autoridades norte-americanas têm defendido que uma falência da AIG acarretaria um risco sistêmico muito elevado. Os valores agora divulgados dos montantes que tiveram de ser pagos pela AIG aos seus contrapartes mostra o impacto que o colapso da seguradora poderia vir a ter em muitos dos bancos, colocando ainda mais em causa a sua solvabilidade.
Retomada econômica
Nos EUA, esta ''generosidade'' dos contribuintes norte-americanos na ajuda dada a bancos europeus e mesmo a alguns bancos norte-americanos está contribuindo para acentuar a polêmica em torno da decisão das autoridades de não deixar a AIG quebrar. Isto depois do escândalo provocado ao se saber que a seguradora se preparava para entregar aos seus funcionários 165 milhões de dólares de prêmios de desempenho, forçando Obama a intervir e a classificar essa prática de ''indigna''.
De qualquer forma, o novo presidente não irá conseguir escapar a um aumento da pressão dos setores que se opõem à recente escalada da intervenção estatal na economia e, em particular, no sector financeiro. Futuras nacionalizações de bancos serão, caso sejam necessárias, difíceis de levar adiante.
O que poderia resolver este problema seria a concretização das expectativas de retomada econômica a partir de 2010 anunciadas pelo presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke. O prêmio Nobel de Economia Paul Krugman diz que a promessa de Bernake não se concretiza e cita como exemplo o Japão, onde a crise durou uma década.
Com agências