Crise econômica reúne patrões e empregados em debate na Câmara
A crise econômica é o assunto da primeira audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara este ano. O presidente da Comissão, deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ) vai reunir, nesta quarta-feira (18), representantes dos
Publicado 17/03/2009 15:22
Com o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do ano de 2008 divulgado na última semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em mãos, o parlamentar justifica a preocupação com o assunto. Ele lembra que o país registrou crescimento de 5,1% do PIB no ano, nos três primeiros trimestres do ano, mas destacou a queda brusca registrada no quarto trimestre, que sob o impacto da crise mundial capitalista, caiu 3,6% em relação ao terceiro.
“O resultado demonstrou a piora nas expectativas em relação à economia, levando com que muitos empresários interrompessem o ciclo de nove trimestres de alta nos investimentos”, avalia.
Unidos contra juros
Segundo ele ainda, “os dados divulgados reforçam o erro da política de taxa de juros praticada pelo Banco Central, que insistiu por muito tempo em uma postura conservadora na sua redução”, sinalizando por onde devem seguir as discussões. A redução da taxa de juros tem unidos empresários e trabalhadores na análise dos efeitos da crise.
“Apesar da redução da semana passada, o Brasil ainda possui a segunda maior taxa real de juros do mundo. E, enquanto o restante dos países vem provendo uma redução expressiva em suas taxas desde o segundo semestre do ano passado, nós, só conseguimos começar um pequeno movimento em janeiro deste ano. Não há dúvida de que tal política traz efeitos diretos na cadeia produtiva”, explicou Valentim.
Contribuição do Legislativo
Valentim acredita que o Legislativo pode contribuir com sugestões e propostas, insistindo nas críticas ao BC, a quem acusa de “deserção” neste primeiro momento da crise. “O Parlamento dará sua contribuição”, enfatiza, destacando a necessidade da Câmara vencer as resistências e aprovar, ainda este semestre, a reforma tributária. “O Congresso deve trabalhar no sentido de, respeitando as particularidades regionais, orientar essa reforma pelo princípio da progressividade e da justiça social.”
Mesmo sem contar com os banqueiros do Banco Central, a quem não poupa críticas, Valentim está otimista “com o esforço conjunto do Poder Executivo e do Legislativo em apoiar os empresários de visão e os trabalhadores a manterem nossa economia em um nível de atividade que minimize o choque negativo da crise internacional”.
Ele avalia que o Executivo deve concentrar suas medidas econômicas e sociais em iniciativas que aumentem a oferta de crédito, fortaleçam a demanda interna e minimizem as perdas do comércio externo. Os investimento já previstos no PAC (Programa de Aceleração Econômica) são importante não só para expandir e modernizar a infraestrutura como por ser um estímulo às cadeia produtiva e à geração de mais emprego e renda.
A audiência da Comissão terá quatro debatedores, representando a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e as centrais sindicais CUT e Força Sindical.
De Brasília
Márcia Xavier