Funes quer estreitar laços com EUA e Brasil
O presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes, declarou que aspira estreitar relações com os Estados Unidos, para garantir a estabilidade dos cidadãos salvadorenhos que vivem no país norte-americano. Funes reecebeu os cumprimentos do governo dos EUA
Publicado 17/03/2009 09:52
“Eu aspiraria estreitar as relações com o presidente (Barack) Obama, para garantir a estabilidade migratória dos quase 2,5 milhões de salvadorenhos que vivem e trabalham nos Estados Unidos”, manifestou Funes.
Com o triunfo da FMLN, que obteve 51,27% dos votos, o país encerrou 20 anos de governo da direitista Aliança Republicana Nacionalista (Arena), forte aliado dos Estados Unidos que, inclusive, chegou a enviar tropas para apoiar a ocupação do Iraque.
Entrevistado pela agência Reuters, o candidato ganhador da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) assinalou que quer se inspirar no presidente Lula, como exemplo de como manejar a crise econômica que está atingindo a nação da América Central devido a uma queda nas remessas familiares.
Segundo Funes, a admiração se deve, sobretudo, pelo fato de o governo Lula manter a estabilidade macroeconômica do país em meio à crise e por seus programas para
combater a pobreza. “Eu vejo com especial atenção a construção de relações mais estreitas com o governo Lula”, expressou o presidente eleito.
EUA “ansiosos” para trabalhar com Funes
O governo dos Estados Unidos cumprimentou, segunda-feira, o presidente eleito de El Salvador e ressaltou que o resultado das urnas representa “a decisão do povo salvadorenho e deve ser respeitado”.
“Quero felicitar o povo de El Salvador por eleições muito livres, justas e democráticas”, disse Robert Wood, um dos porta-vozes do Departamento de Estado norte-americano.
O candidato derrotado da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), Rodrigo Ávila, também foi saudado pela Casa Branca por “participar das eleições e respeitar seu resultado”.
Wood indicou ainda que os Estados Unidos estão “ansiosos” para trabalhar com o novo governo de El Salvador e definir a agenda bilateral.
O porta-voz descartou a possibilidade de que as boas relações entre Washington e a direita salvadorenha, da qual a Arena faz parte, poderiam comprometer a aproximação com o presidente eleito. “Este é um governo democraticamente eleito. O povo de El Salvador tomou uma decisão e essa vontade deve ser respeitada”, considerou.
Boa parte da economia do país centro-americano está condicionada a remessas enviadas por emigrantes que vivem nos Estados Unidos. Durante a campanha, congressistas do Partido Republicano ameaçaram impor sanções a este dinheiro caso a FMLN chegasse ao poder. E muitas foram as tentativas de passar à população que, caso Funes vencesse, as relações com os EUA estariam ameaçadas.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, também parabenizou Funes nesta segunda-feira e destacou o clima de “normalidade” em que ocorreram as eleições, sem o registro de episódios de violência.
Insulza enfatizou que a população “demonstrou seu apego à democracia e exerceu em paz seu direito a votar, deixando para trás uma história de brutal enfrentamento que trouxe apenas dor” ao país.
Entre 1980 e 1992, El Salvador viveu uma intensa guerra civil. O partido FMLN tem origem em uma guerrilha de esquerda que atuou neste período.
Ao se referir ao candidato derrotado, o secretário da OEA indicou que o respeito de Ávila pelo resultado representa “uma atitude importante para impor tranquilidade e preservar a harmonia entre os atores políticos que deram uma grande lição de civismo”.
Transição
O atual presidente de El Salvador, Antonio Saca, anunciou , ontem, que já se comunicou com o seu sucessor, Maurício Funes, para iniciar o processo de transição do governo. Saca disse que espera que esse trabalho seja “tranqüilo” e que colocará sua administração à disposição para fornecer dados à nova gestão.
Fontes: Ansa e ABN