EUA admitem responsabilidade pela narcoviolência
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, admitiu que os Estados Unidos são “corresponsáveis” pela expansão do narcotráfico no México.
A ex-primeira-dama, que está em visita oficial pelo país, criticou também o “insaciável apetite” dos n
Publicado 26/03/2009 10:47
“Nossa insaciável demanda de drogas ilegais alimenta o tráfico”, disse ela, ainda durante a viagem de ida ao México, feita em um avião da Força Aérea norte-americana.
Hillary desembarcou na capital do país, Cidade do México, e foi recebida pela ministra das Relações Exteriores, Patricia Espinosa, com quem deverá se reunir para discutir temas de interesse bilateral, como a migração e a violência associada ao tráfico de drogas.
Em suas declarações, a secretária de Estado enfatizou também “a incapacidade” demonstrada por autoridades norte-americanas para coibir o tráfico de armas enviadas ao México. Segundo ela, este é um dos principais fatores originários da onda de violência que atinge o país.
Hillary destacou que, para deter o fluxo de armas no México, é necessária a colaboração dos EUA. “O que temos feito não funciona e é injusto que nossa incapacidade crie uma situação pela qual a gente considera responsáveis o governo e o povo mexicano. Isso não é justo”, destacou.
Hillary encontrou-se com o presidente do México, Felipe Calderón, que pediu à secretária de Estado norte-americana um fortalecimento da cooperação bilateral em matéria de segurança.
Segundo um comunicado da presidência mexicana, Hillary se reuniu por cerca de uma hora e quarenta minutos com o mandatário, logo após chegar ao país.
Recentemente, em diversas ocasiões a Casa Branca manifestou-se “preocupada” com o aumento da criminalidade do outro lado da fronteira, e especialmente com os reflexos que o quadro poderia gerar nos Estados Unidos.
No ano passado, quase 6.000 pessoas foram assassinadas em crimes vinculados ao narcotráfico no México. No início da semana, o governo do país divulgou a lista dos criminosos mais procurados e prometeu recompensas de US$ 2 milhões por informações que levem a suas capturas.
Anteontem, Washington anunciou um plano de US$ 700 milhões para apoiar as políticas de segurança de Calderón. O dinheiro será repassado pela Iniciativa Mérida, convênio bilateral firmado em 2008 na área de defesa.
Entre as medidas, apresentadas pela secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Janet Napolitano, está a duplicação do número de agentes federais norte-americanos na fronteira para coibir o tráfico de armas.
A visita de Hillary Clinton antecede em duas semanas a do presidente Obama, que deve viajar ao México em meados do mês.
“EUA é incapaz de deter a narcoviolência”
O reconhecimento, por parte dos Estados Unidos, de sua coresponsabilidade pela narcoviolência na fronteira com o México não é sufuciente, já que o governo de Barack Obama não tem capacidade para tomar medidas eficazes para eliminar a problemática. É o que pensa o professor e pesquisador da Universidade nacional Autônoma do México (Unam), Carlos Aguirre.
Em entrevista à Telesul, o caterdrático assinalou que as declarações da secretária de Estados norte-americana, Hillary Clinton, sobre a responsabilidade de seu país “é um pequeno passo adiante” diante de uma “evidência que todos já conheciam”.
Segundo ele, ainda que os EUA reconheça o fato, “não vejo que sejam capazes de tomam medidas eficazes para eliminar a narcoviolência”.
Para o professor, a pergunta que deve sre feita é se os norte-americanos serão capazes de eliminar o consumo de drogas. “Os EUA não poderá reduzir o fato de que é o principal consumidor da droga que se produz em grande parte do mundo e que tem de seu pontos de trânsito fundamentais no México”, colocou.
“Se eles não vão suprimir esse mercado massivo, como vão resolver a peresnça dos cartéis?, questionou.
Aguirre reforçou que, somado à narcoviolência, se deve ter em conta “a situação cada vez mais crítica que está vivendo o governo mexicano, com uma atitude de total subordinação ao governo norte-americano”.
O professor ressaltou que os EUA mantém “uma atitude muito hipócrita em respeito ao México. Ao mesmo tempo em que manda Hillary Clinton, tivemos a notícia de que centenas de de polícias novos vão incrementar a militarização na fronteira entre México e Estados Unidos. Isso é alimentar a violência e criar uma situação mais complicada e inviável”, manifestou.
Fontes: Ansa e ABN