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Quem é quem nos protestos da Tailândia

Camisas amarelas bloqueando aeroportos em dezembro de 2008. Camisas Vermelhas incendiando as ruas e exigindo democracia e a queda do atual premiê em abril de 2009. Camisas azuis bloqueando a chegada de manifestantes vermelhos às cercanias de um aeropor

Thaksin Shinawatra



Eleito em 2001, Thaksin Shinawatra, um tubarão das telecomunicações que virou político, obteve apoio dos camponeses pobres da Tailândia, particularmente nas áreas do norte e nordeste do país.



Como chefe do partido Thai Rak Thai (Tailandeses amam tailandeses) ele foi o primeiro ministro a completar o mandato, sendo reeleito em 2005.



O apoio a Thaksin era muito grande no interior do país, impulsionado pelo bem estar propiciado à aldeias, empréstimos rurais baratos e projetos de criação de empregos.



Entretanto, seus críticos o acusaram de corrupção, ao constatar os lucros fenomenais da sua empresa ShinCorp, que foi beneficiada com concessões e contratos governamentais.



Alegações de corrupção, assim como acusações de que ele teria insultado a reverenciada moraquia, finalmente levaram a protestos de rua, promovidos pela Aliança Popular pela Democracia (PAD, na sigla em inglês), que se vestem de amarelo.



Os protestos pavimentaram o caminho para os militares lançarem um golpe de Estado em setembro de 2006, enquanto Thaksin estava fora do país.



Exceto por um breve retorno à Tailândia em 2008, Thaksin impôs a si o exílio desde então.



Em outubro de 2008 ele foi julgado, em ausência, e sentenciado a dois anos de cadeia por infringir as leis na compra de terras, vendidas por uma agência governamental à sua esposa.



Sua fortuna, estimada em US$ 2 bilhões, foi congelada pela justiça do país.



Abhisit Vejjajiva



Graduado pela Eton College, uma universidade de elite do Reino Unido, e pela Oxford University, Abhisit Vejjajiva foi escolhido para o cargo de premiê pelo parlamento Tailandês em dezembro de 2008, após a Suprema Corte alijar os aliados de Thaksin do poder.



Abhisit lidera o Partido Democrata, que estava no poder antes de Thaksin ser eleito em 2001.



O partido é o maior de uma frágil coalizão governamental que também inclui dissidentes de Thaksin.



Especialistas afirmam que a coalizão foi criada pelo exército e tem acusado Abhisit de ser um fantoche nas mão do exército  pela população do país.



Sua educação estrangeira e fluência em inglês fizeram com que fosse bem recebido pela elite tailandesa e pelo mercado externo que opera no país.



Mas essa bagagem elitista não tem como grangear apoio entre os tailandeses da área rural, a espinha dorsal do apoio a Thaksin.



Analistas afirmam que o fracasso em evitar que manifestantes fechassem a cúpula de líderes da Ásia, a Asean, enfraqueceu o apoio que ele tinha entre o meio militar.



Camisas Vermelhas



Os manifestantes de “Camisas Vermelhas” tomaram as ruas nos últimos dias, em apoio a Thaksin Shinawatra, o premiê retirado em 2006 por meio de um golpe de Estado.



O grupo é baseado em um organismo denominado The United Front of Democracy Against Dictatorship (UDD, na sigla em inglês), e é apoiado por alguns proeminentes professores e ativistas sociais.



O grupo foi formado em 2008, em oposição à Aliança Popular pela Democracia, partido anti-Thaksin e que se utiliza de camisetas amarelas.



Os camisas vermelhas querem a renúncia do atual primeiro ministro, Abhisit Vejjajiva, e também que sejam convocadas novas eleições, afirmando que sua ascenção ao poder foi ilegítima.



Eles também acusam membros da elite tailandesa, particularmente o judiciário e os militares, de enfraquecerem a democracia.



Como Thaksin, os Camisas Vermelhas têm o apoio dos setores mais pobres da sociedade, particularmente no norte e no nordeste do país.



Camisas Amarelas



Formada no fim de 2005, a Aliança Popular pela Democracia (PAD, na sigla em inglês), surgiu de uma grande coalizão de oposicionistas a Thaksin Shinawatra, na época primeiro ministro, usando para si camisas amarelas.



Diametralmente oposta a Thaksin e aos Camisas Vermelhas, a Aliança tem seu apoio principal baseado na elite da cidade de Bangkok e do resto do país.



O grupo adotou a cor amarela como sua marca principal, cor que é associada tradicionalmente à monarquia, o que seria, segundo eles, um sinal de respeito ao rei da Tailândia.



Em 2006, semanas seguidas de protestos anti-Thaksin culminaram em um golpe de Estado que forçou o premiê a abandonar o poder.



O grupo praticamente desapareceu de cena durante o período subsequente ao poder militar, mas foi recriado quando as eleições de 2007 levaram os aliados de Thaksin ao poder.



A campanha do PAD nas ruas levaram a um bloqueio de quatro meses diante dos prédios do governo e, finalmente, ao bloqueio dos dois principais aeroportos de Bangkok, um deles por mais de uma semana, o que comprometeu a economia do país, fortemente dependente do turismo.



A Aliança deixou de existir mais uma vez após os aliados de Thaksin perderem o poder em dezembro de 2008, quando Abhisit Vejjajiva foi escolhido o terceiro premiê em três meses na Tailândia.



Porém, com a recente escalada de manifestações dos Camisas Vermelhas contra o governo de Abhisit, os líderes da Aliança estão considerando convocar seus militantes novamente para ocupar as ruas.



Camisas Azuis



A recente escalada de protestos contra o governo de Abhisit viu também a emergência de um obscuro grupo pró-governmanetal, apelidado de Camisas Azuis.



Acredita-se que esse grupo esteja ligado ao político Newin Chidchob, filho de um porta-voz do parlamento.



Newin, um ex-aliado de Thaksin, deixou o ex-premiê em fins de 2008, em um movimento apontado como chave para Abhisit formar um governo de coalisão.



Os Camisas Azuis apareceram em março, reunidos ao redor do aeroporto de Suvarnabhumi, em Bangkok, para supostamente protege-lo de um possível cerco por parte dos anti-governamentais Camisas Vermelhas.



A gangue dos camisas azuis também foi vista em um resort na praia de Pattaya, no início deste mês, quando entrou em conflito com manifestantes pró-Thaksin que, pouco depois, impediram a realização da cúpula asiática.



As Forças Armadas



Tendo sobrevivido a 18 golpes de Estado desde 1932, quando a Tailândia tornou-se uma monarquia constitucional, as forças armadas permanecem ainda como uma poderosa força na política tailandesa.



A oposição à dominação militar teve o auge em 1992, em, seguida a uma sangrenta repressão a protestos de rua contra o governo apoiado pelos militares, que na ocasião deixou 52 mortos e um incontável número de feridos.



A nova constituição, promulgada em 1997, pretendia introduzir uma nova era na política tailandesa, livrando-a de envolvimento militar.



Mas aquela constituição foi anulada em seguida ao golpe de Estado de 2006, que depôs Thaksin, tornando o país mais uma vez refém de um governo apoiado pelos militares.



Após seguidas ondas de protestos amarelos e vermelhos, percebe-se que os militares preferiram não intervir, relaxando em dar um fim às demonstrações do ano passado realizadas pelo PAD ou deixando de agir contra os manifestantes que bloquearam os aeroportos e, recentemente, não realizando qualquer repressão aos manifestantes que impediram a realização da cúpula asiática.



O rei



A Tailândia é uma monarquia constitucional e o rei Bhumibol Adulyadej é bastante reverenciado por virtualmente todos os setores da sociedade.



Desde que ascendeu ao trono em 1946, o rei Bhumibol viu a sucessão de mais de 25 primeiros ministros e 18 constituições durante seu reinado.



O rei é o chefe de Estado e não assume disputas durante momentos de crise.



Porém, durante o levante de 1992, assumiu o papel de dar um fim à violência, aparecendo na TV do país para admoestar tanto líderes civis quando militares.



Hoje, com 81 anos, acredita-se que a saúde do rei esteja ruim. Ele não fez nenhuma aparição pública desde o início dos últimos protestos.