Chávez antecipa veto à declaração da Cúpula das Américas
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, antecipou, nesta quinta-feira (16) que seu governo não concorda com a declaração preliminar da 5ª Cúpula das Américas, que começará sexta (17) em Trinidad e Tobago. Chávez informou que vetará o texto.
Publicado 16/04/2009 16:28
''A Venezuela veta essa declaração agora mesmo, a partir de agora (…). Nós, junto a outros países, dizemos que não estamos de acordo com essa declaração'', disse Chávez, antes de iniciar a reunião da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), para coordenar e unificar conceitos e propostas para o encontro em Trinidad e Tobago.
Segundo versões da imprensa local, a ''Declaração de Compromisso de Port of Spain'', já aprovada em Washington, advoga pela promoção dos direitos humanos, prosperidade, segurança energética e sustentabilidade na região. ''Não temos grandes expectativas com relação à Cúpula das Américas. Há uma declaração que é difícil de assimilar'', disse Chávez.
''Está totalmente deslocada no tempo e no espaço, como se o tempo não tivesse passado'', falou a jornalistas no aeroporto de Cumaná, cidade 300 quilômetros a leste de Caracas.
Segundo ele, os enunciados da declaração são ''muito parecidos'' aos da última Cúpula das Américas, de Quebec (Canadá), em 2001, no qual a Venezuela apresentou reservas sobre o conteúdo do documento firmado, considerando-o neoliberal.
Fontes próximas às negociações de Port of Spain anteciparam quarta-feira que a Venezuela e a Nicarágua são contra dois artigos desse documento relacionados aos direitos humanos e à governança democrática, e ao papel da OEA (Organização dos Estados Americanos) para garantí-los.
Em suas declarações, o presidente venezuelano destacou que foi uma coincidência a celebração da reunião da Alba nas vésperas da Cúpula das Américas.Após receber o presidente cubano, Raúl Castro, no aeroporto, Chávez ratificou também que levará a questão de Cuba às discussões e pedirá que este país participe do encontro. ''Onde está Cuba? Esta será a primeira pergunta'', afirmou.
O presidente venezuelano falou também sobre suas expectativas para o encontro da Alba, que buscará uma posição comum para o encontro de Trinidad e Tobago, do qual também participará o presidente norte-americano, Barack Obama. ''Temos uma grande perspectiva em relação a esta reunião, que é de suma importância para nosso povo'', afirmou Chávez.
A Alba é formada por Bolívia, Dominica, Honduras, Nicarágua, Venezuela e Cuba. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, também participará da reunião como convidado.
Obama e a Unasul
Chávez também manifestou sua intenção de assistir à reunião, solicitada por Obama, com os países da União das Nações da América do Sul (Unasul). ''E ele escutará nossas verdades'', disse o presidente venezuelano.
''Eu vou participar nessa reunião da Unasul. Tomara que o presidente dos EUA vá ouvir, tomara que não siga o exemplo do rei da Espanha quando disse 'por que não te calas''', declarou Chávez, referindo-se à Cúpula Ibero-Americana do Chile em 2007.
Os representantes de 11 países que integram a Unasul se reunirão com o norte-americano paralelamente à Cúpula das Américas, onde acontecerá o primeiro contato de Obama com seu colegas latino-americanos, muitos deles críticos à política adotada por seu país.
Com agências