Obama buscará consenso na cúpula, diz porta-voz
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o presidente Barack Obama ''buscará áreas de interesse comum'' junto aos demais líderes que participarão, entre sexta-feira (17) e domingo (19), da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. O líde
Publicado 16/04/2009 17:02
Gibbs ressaltou que Obama tentará estabelecer consensos com os governantes presentes mesmo que seja criticado por alguns deles. A Cúpula das Américas será a primeira reunião multilateral em que ele estará ao lado de líderes críticos aos Estados Unidos, como os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales.
Gibbs, porém, usou o exemplo da Europa, continente visitado por Obama há duas semanas, para afirmar que o presidente norte-americano não teme ser criticado.
''Se fosse assim, não teríamos ido à Europa'', afirmou. ''Se não nos sentamos em uma mesma sala com gente que é crítica a nosso país, provavelmente teríamos de nos sentar em uma sala sozinhos.''
Abandonando, por alguns segundos, o tom mais cordial, o porta-voz referiu-se indiretamente a alguns governos latino-americanos. ''Creio que Obama dirá a todos os que forem críticos aos Estados Unidos que olhem antes para seus próprios governos'', enfatizou.
Alguns países, prosseguiu Gibbs, devido ao preço alto do petróleo, desfrutaram nos últimos anos de um grande aumento de seus recursos. ''Estes países, antes de criticar os Estados Unidos, deveriam se perguntar se usaram parte deste dinheiro para melhorar a educação e diminuir a pobreza'', afirmou o funcionário.
As pressões pró-Cuba
O ponto que mais pode gerar discordância entre a Casa Branca e alguns países participantes da Cúpula das Américas será a suspensão do embargo cubano, já defendida publicamente pela maioria dos líderes da região.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e Obama trocaram opiniões, nesta quinta-feira, sobre a vigência do bloqueio econômico dos americanos à ilha e avaliaram como a América Latina pode auxiliar no processo de reinserção de Cuba nas transações comerciais com os Estados Unidos.
Lula manifestou, em telefonema de cerca de 15 minutos, sua posição contrária à manutenção do embargo. Entre o governo brasileiro, a opinião é a de que ainda são insuficientes as propostas do governante norte-americano de permissão para a instalação de cabos de telecomunicação até a ilha, retirada de restrições de viagens e de envio de dinheiro de cubano-americanos para o país chefiado por Raúl Castro.
O presidente Lula considera, no entanto, que a primeira visita de Obama à América Latina, durante a Cúpula, é um sinal da disposição dos Estados Unidos de se aproximar do continente e de seus problemas, além de representar um indicativo da ''boa vontade'' de Obama com os latinos.
Na manhã de sábado os dois presidentes devem se encontrar pessoalmente, na cidade de Port of Spain, em uma reunião com os países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para debater a situação econômica dos cubanos e os efeitos da crise financeira mundial para os latino-americanos.
Em Brasília, o porta-voz do Palácio do Planalto, Marcelo Baumbach, reforçou que o presidente defenderá, na Cúpula das Américas, o fim do bloqueio imposto à ilha desde 1962. A mesma intenção havia sido manifestada pelos presidentes Hugo Chávez e Evo Morales.
''O presidente Lula considera a manutenção do bloqueio a Cuba uma anomalia no ambiente internacional, que há muito tempo superou a confrontação da Guerra Fria, sobretudo considerando que no momento atual todos os países da América Latina e Caribe têm relações com Cuba'', disse o funcionário.
Resposta norte-americana a Fidel
Em entrevista à rede de TV CNN em espanhol, Obama defendeu as mudanças que realizou nas relações com Cuba e reagiu às declarações do ex-ditador cubano Fidel Castro, para quem a ilha ''jamais estenderá suas mãos pedindo esmolas''.
''Eu não espero que Cuba peça esmolas. Ninguém quer que ninguém peça esmolas. O que procuramos é um sinal de que ocorrerão mudanças nas ações de Cuba que garantirão que prisioneiros políticos sejam soltos; que as pessoas poderão dizer o que pensam livremente; que elas poderão viajar; que elas poderão escrever e ir à igreja e fazer coisas que pessoas de todo o hemisfério podem fazer e não se dão conta.''
Nesta segunda-feira (13), Obama derrubou restrições impostas em relação a Cuba sobre a duração e frequência de viagens de cubano-americanos que vivem nos EUA para a ilha e o envio de dinheiro e de produtos como roupas e equipamento de pesca, entre outros itens. ''Demos um importante primeiro passo.''
A “exigência” de Hillary
Também, nesta quinta-feira, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, “exigiu”, no Haiti, a democratização do regime cubano e a libertação de prisioneiros políticos.
“Queríamos ver uma abertura da sociedade cubana, que Havana liberte seus presos políticos e se abra a opiniões e à imprensa estrangeiras”, declarou Hillary Clinton em Porto Príncipe, durante entrevista à imprensa ao lado do presidente haitiano, René Preval.
Com agências