FMI distribuirá US$ 250 bilhões; Brasil impõe condições
O Fundo Monetário Internacional (FMI) distribuíra US$ 250 bilhões nos próximos seis meses para fortalecer as reservas dos países-membros, segundo o decidido nese sábado (25) pelo Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, em inglês),
Publicado 25/04/2009 20:21
A distribuição será realizada ''bem antes da Assembleia Anual'', que acontecerá em outubro na Turquia, de acordo com o comunicado divulgado pelo Comitê ao fim de sua reunião semestral.
Mantega: Brics querem colocar recursos no FMI
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estão ''interessados em colocar recursos'' no Fundo, mas que não querem ''fazer de forma convencional''.
O ministro apresentou mais exigências para que o Brasil empreste dinheiro para o FMI. Na sexta-feira, Mantega havia dito que o Brasil só entrará com a sua parte se receber em troca títulos com prazo de um ano, negociáveis no mercado, contabilizáveis como reserva e com rendimento superior ao dos papéis do Tesouro americano. Ele acrescentou hoje mais uma condição: que o Brasil defina quais países devem ser beneficiados com os recursos. “Uma parte do dinheiro vai para as mãos do Fundo, que fará a divisão dos recursos, e o restante pode ser direcionado para países emergentes que nós vamos definir”, explicou.
“Em vez de dar 100% na mão do Fundo, direcionaremos para os países que quisermos.” Ele disse que países com situação financeira mais favorável, como a China, estão tendo esse tipo de atuação regional. O Brasil direcionaria seus recursos para “Uruguai, Paraguai, e outros países sul-americanos”.
Embora reconheça que os estudos no Fundo para a elaboração deste mecanismo alternativo possam atrasar a liberação de recursos dos emergentes para o FMI, ele acredita que este atraso não deve ocorrer. O ministro disse que foi discutido um calendário inicial que poderia ser usado para o G-20 fazer estas discussões. Segundo este esboço de calendário, três reuniões em diversos níveis do G-20 seriam realizadas até setembro. A primeira seria de técnicos, a segunda de ministros e a última de cúpula. Neste, a expectativa é ter as ''propostas mais amadurecidas''.
Em entrevista em Washington, o ministro voltou afirmar que os emergentes querem ''um mecanismo novo que possa ser considerado como reserva e ter flexibilidade para ser resgatado''. ''Como se fosse uma aplicação, um título''. As explicações do ministro foram dadas ao questionamento de que haveria países de economias avançadas vendo a posição do País nos Brics como empecilho para aumento dos recursos para o FMI. Essa avaliação, ponderou Mantega, reflete que não houve um bom entendimento sobre o que foi dito anteriormente.
O ministro afirmou que o Fundo já trabalha na proposta de uma forma de aplicação alternativa aos meios existentes no FMI e em acordo com o status atual da divisão de cotas dentro do FMI. A proposta para o mecanismo ''não é satisfatória'' na avaliação dos Brics, tornou a ponderar. ''Uma proposta melhorada seria remetida à nossa diretoria, ao Board (do FMI), eles a amadureceriam e nos apresentariam a proposta''. Segundo Mantega, ''o percurso está definido''. No entanto, o ministro admite que este trâmite de retornar a proposta ao Board para um novo desenho pode atrasar o funding dos emergentes para o FMI. ''Poder, pode'', afirmou. No entanto, ele acredita que não ''deve atrasar''.
Cuba e o FMI
Mantega defendeu ainda a entrada de Cuba no Fundo Monetário Internacional. Em pronunciamento na reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional, Mantega afirmou: “Está na hora de abrirmos as portas (do FMI) para Cuba”. Cuba se retirou por vontade própria do Fundo em 1964 e não consta que tenha pedido sua reintegração. Mantega também não soube precisar se Cuba deseja ser readmitida no FMI.
“Cuba foi marginalizada de qualquer atividade econômica e hoje não há mais razão para isso”, disse o ministro da Fazenda. “Eu não posso falar por Cuba, mas apenas digo que temos de abrir as portas para que Cuba se integre.” Além de Cuba, apenas Coreia do Norte, Andorra, Liechtenstein, Mônaco, Nauru e Tuvalu não integram o Fundo.
Mantega voltou a criticar a regra não escrita de que o presidente do Banco Mundial é sempre americano e o diretor-gerente do Fundo é sempre europeu. “O critério deve ser meritocrático.”
Com informações da agência EFE