Olodum 30 anos: Por uma cultura africana não colonizada
Quando o Olodum foi fundado, no dia 25 de abril de 1979, o Pelourinho era reduto de marginalidade e prostituição, e as únicas metas do bloco eram chamar a atenção para a degradação do centro histórico de Salvador e divulgar a música, a dança e os costu
Publicado 25/04/2009 22:21
Em 1979, o bloco-afro Olodum nasceu no coração do centro histórico de Salvador, o Pelourinho. Segundo Nelson Mendes, diretor cultural, o objetivo era celebrar a cultura africana no carnaval baiano. “Isto significou o renascimento do Pelourinho, que estava completamente abandonado pelos órgãos públicos”.
– O Olodum foi o principal divulgador do Pelourinho, não só internacionalmente, com pressões para a restauração do bairro, mas também por atrair as atenções regionais para o bairro.
Ilê Aiyê é o primeiro bloco afro do Brasil. Surgiu em 1974 com o mesmo propósito: discutir a cultura africana e racial. “Esta é a semelhança entre nós”, diz Nelson. E acrescenta que “grandes blocos afros valorizam a cultura africana e lutam contra o preconceito racial”.
Pós-carnaval, Olodum desenvolveu seminários e exibições de filmes. As ações eram voltadas para a comunidade afro-descendente. Isto fez com que o Olodum se aproximasse do movimento negro e se transformasse em uma ONG.
“Nos denominamos afro-brasileiros por sermos descendentes africanos nascidos no Brasil”, explica o diretor cultural. E acrescenta, mais do que depressa, que “queremos mostrar uma cultura africana não colonizada”.
O grupo criador do samba-regae, adotado por vários compositores, faz um trabalho basilado em três pilares: “música, cultura e educação”. Nelson pede para atentarmos ao fato de os trabalhos serem feitos sempre com jovens de baixa renda que “podem encontrar no Olodum uma saída”, acrescenta.
Como nem tudo são batuques, “temos problemas financeiros”, lamenta o diretor. “O dinheiro oscila, ora temos apoio do governo, ora não. Vendemos camisetas e outras coisas, mas a arrecadação flutua. Mas vamos administrando…”.
As comemorações pelos 30 anos do Olodum começaram faz tempo. Desde turnê, que tem como nome provisório “Samba-Reggae” até debates e palestras com personalidades negras de todo o mundo.
Como presente, o Olodum ganhou o direito de posse do prédio por ele ocupado na Rua Laranjeiras no Pelourinho desde 1990, mediante Termo de Permissão de Uso, para atividades de cunho social. Na ocasião, diversos vereadores, de variados partidos, fizeram questão de se pronunciar parabenizando o Olodum pela conquista, já que era uma antiga reivindicação do grupo. O líder da bancada do governo, Sandoval Guimarães (PMDB), disse que a concessão é um reconhecimento à importância do Olodum para a cultura baiana. Olívia Santana (PCdoB) traduziu a aprovação do projeto como “um presente pelos 30 anos de resistência e luta do Olodum”.
Dia 27 de abril, a Câmara Municipal promoverá sessão especial, às 9h, no Plenário Cosme de Farias, para comemorar os 30 anos do Olodum.
Com informações do Terra Magazine