Estudo: formigas argentinas têm dispositivo de 'homem morto'
Locomotivas e outros equipamentos muitas vezes incluem um mecanismo contra falha humana conhecido como dispositivo de homem morto. Se o operador retira o pé do acelerador por mais do que um certo tempo, por exemplo, a locomotiva é desligada – sob a sup
Publicado 06/05/2009 16:46
Um estudo no Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que formigas argentinas têm o mesmo dispositivo. Enquanto uma formiga continua produzindo certas substâncias químicas, as outras formigas sabem que ela está viva. Quando ela deixa de produzir tais substâncias, as demais formigas percebem que ela está morta e a carregam para fora até uma pilha de lixo.
O comportamento de transporte de cadáveres, ou necroforésia, é comum em muitas formigas e outros insetos sociais, e ajuda a manter a higiene na colônia. Dong-Hwan Choe, Jocelyn G. Millar e Michael K. Rust, da Universidade da Califórnia em Riverside, estudaram o comportamento em formigas argentinas porque elas são uma peste cada vez mais incômoda, e o transporte de cadáveres oferece uma oportunidade de espalhar inseticida.
A teoria prevalecente sobre a necroforésia era de que as formigas respondiam a ácidos de gordura e outras pistas químicas de um corpo em decomposição. Mas os pesquisadores notaram que as formigas carregavam os corpos até uma hora após a morte — antes de decomposição suficiente acontecer.
Por isso os pesquisadores investigaram outras substâncias químicas, que poderiam estar associadas à vida em vez da morte. Eles encontraram dois compostos que eram produzidos em grande quantidade no exoesqueleto das formigas, mas que se dissipavam em cerca de uma hora após a morte do inseto.
Os pesquisadores dizem que outras substâncias químicas capazes de estimular o comportamento de transporte de cadáveres estão sempre presentes nas formigas, mas elas são ocultadas ou reprimidas pelos dois compostos “da vida”. Depois que a formiga morre e os compostos se dissipam, essas substâncias “da morte” acionam o comportamento.
“Em geral admitimos que um sinal é algo novo que surge, como ligar uma lâmpada”, Choe escreveu em uma mensagem de e-mail. “No entanto, se temos uma lâmpada que ficou continuamente ligada, seu desligamento também pode ser um bom sinal.”