EUA promovem novo massacre de civis no Afeganistão
Mais de cem afegãos teriam sido mortos nesta quarta-feira (6) por ataques da aviação americana na província de Farah, no Afeganistão. Segundo a Cruz Vermelha Internacional, os ataques mataram mulheres e crianças, inclusive um voluntário da organização.
Publicado 06/05/2009 12:43
Rohul Amin, governador da província de Farah Ocidental, disse que há o temor que mais de cem civis tenham sido mortos durante a retaliação promovida pelas forças de ocupação do país, lideradas pela Otan e pelos Estados Unidos, em Bala Baluk, um dos distritos da província, distante a mais de 600 quilômetros de Cabul.
O chefe de polícia provincial Abdul Ghafar Watandar disse que o número de mortos pode ser ainda maior. Caso confirmado, o massacre de hoje será o maior cometido contra civis no Afeganistão desde a invasão e posterior ocupação do país pelas tropas da Otan em 2001.
Jessica Barry, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, disse que a organização enviou uma equipe para a região, após ter sido contatada por líderes tribais, que pediam socorro.
“Quando nossa equipe chegou às duas primeiras vilas onde aconteceram os bombardeios, viram dezenas de corpos. Viram também covas e pessoas sendo enterradas”, disse Jessica à emissora de televisão catariana al-Jazira.
Jessica disse que um voluntário local da Cruz Vermelha e toda a sua família, inclusive seus oito filhos, dentre os quais cinco meninas, foram atingidos pelo bombardeio e estão entre os mortos. Segundo ela, foram atingidos em casa, enquanto procuravam abrigo do ataque.
Hamid Karzai, ex-funcionário da empresa petrolífera americana Unocal, de forte ligação com a família Bush e atual presidente instalado do Afeganistão, tem encontro marcado com Barack Obama nesta quarta-feira em Washington.
Segundo Wayne Madsen, do site Democrats.com, Karzai, líder da “Pashtun Durrani”, uma tribo afegão do sul do país, era membro dos “mujaedin”, a guerrilha que lutou contra a ocupação soviética nos anos 1980, patrocinada pela CIA.
Segundo Madsen, Karzai era um dos contatos “top” da CIA e tinha estreitas relações com o diretor do órgão de arapongagem americano, William Casey, assim como com o vice-presidente George Bush e seus interlocutores do Serviço de Inteligência Paquistanês (ISI).
Segundo funcionários do regime afegão, uma delegação mista — americana e afegã — de investigadores foi enviada ao local da agressão. “O presidente classificou a perda de civis como injustificável e inaceitável e tratará disso com Obama”, disse em comunicado o porta-voz do regime.
Obama declarou que o Afeganistão e o vizinho Paquistão serão as “maiores prioridades militares” de Washington. Segundo o programa oficial, Karzai, Obama e o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, discutirão “estratégias” para a região em um encontro na Casa Branca na quarta-feira.