Pochmann: ação do Estado é fundamental para enfrentar crise
No ano do centenário da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul , o seminário sobre as perspectivas do Brasil no contexto da crise mundial – organizado pelo mandato dos deputados Manuela d’Ávila e Raul Carrion (PCdoB-
Publicado 06/05/2009 15:36
O evento contou com as presenças da deputada Manuela d’Ávila, representando a Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Câmara dos Deputados; Aloísio Sergio Barroso, da Fundação Mauricio Grabois; André Moreira Cunha, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia e o Professor Marcio Pochmann, presidente do Ipea.
Para André Moreira Cunha, a situação do Brasil após a crise vai depender exclusivamente das atitudes tomadas neste momento de turbulência financeira. Para Cunha, é importante que exista uma convergência entre os campos das ciências sociais ampliando também a diversidade de modelos econômicos. Cunha ressalta que o desenvolvimento do país deve estar necessariamente associado à redução da desigualdade social.
Para o professor Marcio Pochmann, existem várias visões sobre a crise. Uma minoria de especialistas a trata como um modelo conjuntural, uma crise passageira, em que pequenas regulações a resolveria. Outros, no entanto, tratam como uma insuficiência dinâmica do capitalismo com suas diversidades e conflitos estabelecidos.
Mas, na opinião de Pochamnn, a crise mundial é estrutural, já que interfere diretamente na estrutura do modelo capitalista. Para ele, com a globalização a crise ganhou grande dimensão, afetando praticamente todos os países envolvidos. Além disso, para Pochmann, esta é a primeira crise em que as questões ambientais também deverão estar presentes nos debates, já que o padrão de produção e consumo, imposto pelo modelo capitalista, está no limite do ponto de vista da sustentabilidade ambiental.
Para Pochmann, a tarefa histórica dos progressistas brasileiros no enfretamento da crise e na construção do desenvolvimento do país deve estar relacionada às políticas estratégicas e amplas, evitando-se um conjunto de decisões individuais tomadas pelas grandes corporações.
Pochmann defende uma participação maior dos governos e entidades públicas, pois, para ele, em momentos decisivos, a ausência de governabilidade dificulta a saída.“É preciso uma redescoberta do Estado e mudanças de atitude em relação à crise em todos os países, assim como tem feito o Brasil com as medidas de desenvolvimento do país”.
Segundo ele, as políticas brasileiras para enfrentar a crise, como a confirmação do reajuste do salário mínimo, redução de impostos, ampliação de programas de transferência de renda, queda da taxa de juros, políticas habitacionais, são formas de proteger a base da pirâmide social, os menos favorecidos, que em crises anteriores não tiveram proteção alguma.
De acordo com a deputada Manuela d’Ávila, que também faz parte da Comissão Especial criada na Câmara dos Deputados para debater a crise, o seminário realizado em conjunto com a comunidade acadêmica, o poder legislativo e especialistas no assunto serve para ampliar o debate sobre o tema e proporcionar momentos de reflexão sobre a situação do Brasil neste cenário e sobre o papel desempenhado pelo país e suas alternativas mais eficientes para enfrentar a crise.