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Brics discutirão moeda; Brasil e China eliminam dólar  

Os líderes das maiores economias “emergentes” do mundo (os Brics, Brasil, Rússia, Índia e China) podem discutir a ideia de uma moeda supranacional neste mês, quando se reunirem em uma cúpula na Rússia, disse a porta-voz do presidente russo Dmitry Medvedev

Quando questionada sobre se a cúpula discutirá formas de reduzir a dependência do dólar, ela respondeu que ''se algum dos participantes (do Bric) levantar a questão, então eu não excluo (uma discussão sobre o assunto)''. A Rússia propôs a criação de uma nova moeda mundial que seria emitida por instituições financeiras internacionais para diminuir a dependência do dólar. Líderes de Brasil, Rússia, Índia e China, que formam o Bric, irão se reunir na Rússia em 16 de junho para a primeira cúpula desde que a crise global derrubou suas economias.


 


Os presidentes dessas quatro grandes economias “emergentes” se reunirão na cidade russa de Ekaterimburgo e manterão uma ''ampla discussão sobre a agenda econômica e política internacional'', como disse o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Roberto Mangabeira Unger.  Ele participou de reunião preparatória realizada na semana passada em Moscou e explicou que a agenda abrangerá a reforma das instituições internacionais, o regime mundial de comércio, o papel do dólar como moeda de referência, a mudança climática e os biocombustíveis, entre outros assuntos.


 


''Há uma grande preocupação com o futuro do dólar dentro da atual crise financeira global'', declarou Unger. No entanto, esclareceu que o debate dentro do grupo Bric só se coloca ''do ponto de vista da análise'', por isso que ''não se deve esperar'' que Brasil, China, Índia e Rússia formulem algum tipo de proposta concreta em Ekaterimburgo.


 


Mecanismos próprios


 


O assessor presidencial indicou que a ''preocupação'' em relação ao dólar é compartilhada pelos países do Bric, mas também que existe consenso no sentido de que ''não se pode permitir que o debate agrave a volatibilidade'' gerada pela crise na divisa americana. Quanto às possíveis alternativas futuras ao dólar, que ''não são para um curto prazo'', Mangabeira Unger citou o estabelecimento de uma bolsa de moedas ou os Direitos Especiais de Giro do Fundo Monetário Internacional (FMI).


 


Também disse que, no futuro, pelo menos os Brics poderiam usar mecanismos próprios, como um ''experimento'' que Brasil e China iniciaram este ano e que aponta utilizar suas próprias divisas no comércio bilateral. No entanto, admitiu que dentro do grupo ainda se está ''muito longe de formular um plano ou um programa comum'' de ações e indicou que atualmente o que se tenta é identificar ''atitudes'' e ''opiniões'' que possam ser compartilhadas.


 


Comércio com a China


 


De acordo com Mangabeira Unger, há algumas semanas o Brasil já vem realizando com a China, em caráter experimental, operações de compensação de moedas no seu comércio bilateral. Segundo Mangabeira, todas as noites os bancos centrais brasileiro e chinês fazem as compensações em reais e yuans, sem precisar passar pela conversão ao dólar. A operação é chamada tecnicamente de ''nigthly clearing''.


 


A experiência é feita apenas entre os bancos centrais e não envolve empresas.
“O objetivo é ganhar experiência”, disse o ministro. O ministro afirmou que existem duas possibilidades colocadas na mesa. A primeira seria a substituição do dólar por uma cesta de moedas de reservas. A outra seria a criação de um mecanismo de ''quase-moeda'', os chamados ''direitos especiais de saque''.


 


Mangabeira disse, entretanto que ''a discussão é delicada, pois pode levar à depreciação ainda maior da moeda norte-americana no mundo. Mas tem de ser feita''. Mangabeira Unger disse ainda que recebeu a informação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles.Ele ressaltou que ainda há ''um problema grave de transição'', mas, salientou que ''é preciso avançar, com máximo de cautela e prudência, sem presas''. ''Mas não é possível sonegar um debate que já começou'', destacou.


 


Com agências