Concordata da GM: as 'estátuas' do capitalismo estão caindo
Do ponto de vista simbólico é, sem dúvida alguma, um golpe terrível no combalido sistema capitalista Ainda ontem, segunda-feira, 1º de junho, conversava com um colega, aqui na sede da UJS, que nesses anos inaugurais do século 21 já podemos ver alguns acontecimentos históricos quefariam estribuchar de inveja qualquer Matusalem.
Por Fernando Borgonovi*
Publicado 02/06/2009 22:16
Poderia estar me referindo aos ataques de 11 de setembro, à guerra do Iraque, à morte do papa João Paulo ou à eleição de Obama, mas não é o caso. Falo sobre isso, já adianto, em razão do pedido de concordata feito pela gigante automobilística americana, General Motors.
Do ponto de vista simbólico é, sem dúvida alguma, um golpe terrível no combalido sistema capitalista e uma pedra a estilhaçar a sua grande vitrine: o modo de vida e de consumo dos Estados Unidos.
Fundada em 1908, a GM foi líder mundial na produção de veículos por nada menos que 77 anos consecutivos, tendo perdidos o posto apenas em 2007. Foram suas propriedades marcas como Cadillac, Oldsmobile, Pontiac e a Chevrolet, bem conhecida nossa aqui no Brasil.
A GM foi, durante todo um longo período, um ícone do país que "dá certo", do capitalismo como sistema inquebrantável, da sociedade da liberdade e do consumo, da supremacia e infalibilidade da livre concorrência e da supremacia das leis de mercado. Pois bem, nem completamos uma década de século 21 e a crise do sistema capitalista faz o símbolo virar pó.
A companhia foi à lona com 82 bilhões de dólares em ativos e mais de 173 bilhões em dívidas. Até outro dia, falar em intervenções do governo no mercado era uma blasfêmia. Agora, a GM tem como seu principal proprietário – a bem dizer seu salvador – o governo dos EUA, com mais de 60% de seu controle acionário.
Eu fico imaginando: vai entrar na cabeça de meu tio, hoje taxista, admirador dos carros e da marca Chevrolet desde sempre, que essa empresa ícone de um tempo está de joelhos? Pensando bem, vai sim. É só explicar que é a vingança das estátuas derrubadas no leste europeu, há poucos anos atrás, numa comemoração precipitada da vitória do capitalismo.
* Fernando Borgonovi é jornalista e diretor de Comunicação da UJS.
Fonte: União da Juventude Socialista