Em reunião extraordinária, Alba analisa situação em Honduras
Os chefes de Estado da Venezuela, Equador, Nicarágua, Honduras e o chanceler cubano defenderam na noite de domingo (28), em uma reunião extraordinária dos países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), os direitos do povo hondurenho e do presid
Publicado 29/06/2009 10:18
“Estamos reunidos esta noite ante a tragédia que o povo irmão de Honduras está vivendo e porque estamos seguros de que nem o povo de Honduras e nem os povos latino-americanos queremos que se tinja com sangue de irmãos a pátria de [Francisco] Morazán”, afirmou o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, ao abrir o encontro, fazendo referência ao último presidente da já inexistente Federação Centro-Americana, natural de Honduras.
Zelaya, por sua parte, contou aos colegas da Alba que foi ameaçado diretamente para que obedecesse aos militares que, segundo ele, afirmaram que iriam atirar, caso ele não aceitasse as ordens.
“Estou vivo por uma graça de Deus, quero agradecer a Deus”, disse o mandatário, que foi sequestrado na madrugada de ontem por militares de seu país e levado à força à Costa Rica. Ontem, o governo venezuelano enviou um avião para levá-lo a Manágua.
A crise em Honduras foi deflagrada após Zelaya apresentar sua proposta de reforma constitucional, que contaria com a realização de um referendo no último domingo. O Judiciário e o Legislativo não apoiaram sua iniciativa e, ontem, antes do início da consulta, ordenaram que as Forças Armadas retirassem o presidente do país.
Durante o encontro da Alba, Zelaya manifestou sua condenação à oligarquia, que impôs sua retirada do país. “Hoje foi aberto o expediente dos golpes de Estado, nenhum presidente pode estar tranquilo”, advertiu.
Por sua parte, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, exigiu aos golpistas, em especial aos militares, “que se rendam enquanto ainda está em tempo”, reiterando sua negativa ao golpe de Estado em Honduras. “A Venezuela está de pé, nosso governo, nosso povo, nossas Forças Armadas”, declarou Chávez que antes já havia anunciado que estava disposto a “uma guerra de fato” com Honduras.
“Faço um chamado aos soldados hondurenhos, não façam vocês o que foi feito tantas vezes, massacrar um povo desarmado”, expressou.
Já o mandatário do Equador, Rafael Correa, pediu ao povo hondurenho que se rebele diante da situação e realize uma greve geral em Honduras. Correa enviou ainda “um abraço fraterno, onde quer que esteja”, à chanceler hondurenha, Patrícia Rodas, que foi levada pelos militares no início do golpe.
“Como se chama este senhor em Honduras que está fazendo o papelão de sua vida? Pinocheti?”, questionou Correa, associando o nome de Roberto Michelletti, que assumiu a presidência interina do país, ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
De Havana, o ex-presidente cubano Fidel Castro se pronunciou esclarecendo que os golpistas “nem sequer respiram sem o apoio dos Estados Unidos” e não tem “salvação possível”, recordando que até a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, declarou que “Zelaya é o único presidente de Honduras”.
O líder cubano afirmou ainda que “com este alto comando golpista não se pode negociar, precisa-se exigir sua renúncia e que outros oficiais ocupem a cúpula militar ou não haverá jamais um governo “do povo, pelo povo e para o povo” em Honduras”.
Os governantes de Bolívia, Dominica, Antígua e Barbuba são esperados hoje na Nicarágua, país que sedia o encontro dos líderes da região, para retomar o tema durante a cúpula do Sistema de Integração Centro-Americano (Sica).
No total, nove países latino-americanos integram a Alba como membros plenos — Venezuela, Cuba, Bolívia, Honduras, Dominica, Nicarágua, Equador, Antígua e Barbuda e São Vicente e Granadinas. O Paraguai é membro observador do grupo.