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Kirchner admite derrota governista 'por um pouquinho'

O ex-presidente argentino Néstor Kirchner aceitou na madrugada de segunda-feira (29) a derrota “por um pouquinho” na disputa legislativa da província de Buenos Aires, principal reduto eleitoral do país, com 10 milhões de votantes.

Na disputa para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, os governistas ficaram em segundo lugar na província. A aliança entre o partido opositor PRO e o empresário Francisco de Narvaez, foi o mais votado no distrito.



“Estamos no caminho para aprofundar a governabilidade, estamos preparados para continuar construindo”, assegurou Kirchner em discurso feito a seus apoiadores em um hotel da capital argentina.



“Perdemos por um ponto e meio ou dois pontos [percentuais], e não temos nenhum problema em reconhecer. Se o peronismo tivesse ganhado por dois pontos, com certeza estariam nos acusando de fraude”, provocou o ex-mandatário, referindo-se a persistentes denúncias feitas em outras ocasiões contra os governistas.



Vencedor na província de Buenos Aires, Narvaez comemorou o resultado das urnas na noite de ontem ao lado de seu aliado Mauricio Macri, chefe de governo da capital. “É o momento de somar e não de confrontar”, afirmou de Narvaez, que também criticou diretamente o ex-presidente Kirchner.



De Narvaez prometeu defender os produtores agropecuários, que no interior da província de lhe deram amplo apoio nas urnas. O empresário disse ainda que defenderá o partido Acordo Cívico, de Margarida Stolbizer e Ricardo Alfonsín, que se opõem ao atual governo.



Com as eleições de domingo, o governo de Cristina, apesar de ter perdido cadeiras no Congresso, permanece como o principal partido do Legislativo.



Agora, contudo, terá que intensificar as negociações e acordos com outros partidos de oposição para aprovar seus projetos. Dos 257 postos da Câmara dos Deputados, o partido de Cristina terá cerca de 100, o que significa a perda de 15 cadeiras. Para garantir quorum em votações de projetos, é necessária a presença de 129 deputados.



Já no Senado, o governo terá 34 das 72 cadeiras. Os partidos de oposição Acordo Cívico e a União Cívica Radical (UCR), por sua vez, serão representados respectivamente por 24 e 14 senadores.



O governo perdeu nos distritos eleitorais considerados mais importantes, como na cidade de Buenos Aires e na província de Córdoba, que tradicionalmente conferem aos vencedores projeção para as eleições presidenciais do ano seguinte.



Já na província de Santa Fé, o senador de oposição Carlos Reuteman disputa voto a voto com o senador governista Ruben Giustiniani.



Os resultados do domingo dão projeção ao vice-presidente Julio Cobos, que desde o ano passado faz oposição ao governo de Cristina, e a Macri na corrida presidencial de 2011. O partido de Cobos venceu na província de Mendoza, com 47% dos votos, 20 pontos a mais que os governistas.



Já o PRO, de Macri, ratificou sua supremacia na cidade de Buenos Aires, ainda que somente com 30% dos votos obtidos por sua candidata a deputada, Gabriela Michetti.