Kirchner admite derrota governista 'por um pouquinho'
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner aceitou na madrugada de segunda-feira (29) a derrota “por um pouquinho” na disputa legislativa da província de Buenos Aires, principal reduto eleitoral do país, com 10 milhões de votantes.
Publicado 29/06/2009 10:52
Na disputa para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, os governistas ficaram em segundo lugar na província. A aliança entre o partido opositor PRO e o empresário Francisco de Narvaez, foi o mais votado no distrito.
“Estamos no caminho para aprofundar a governabilidade, estamos preparados para continuar construindo”, assegurou Kirchner em discurso feito a seus apoiadores em um hotel da capital argentina.
“Perdemos por um ponto e meio ou dois pontos [percentuais], e não temos nenhum problema em reconhecer. Se o peronismo tivesse ganhado por dois pontos, com certeza estariam nos acusando de fraude”, provocou o ex-mandatário, referindo-se a persistentes denúncias feitas em outras ocasiões contra os governistas.
Vencedor na província de Buenos Aires, Narvaez comemorou o resultado das urnas na noite de ontem ao lado de seu aliado Mauricio Macri, chefe de governo da capital. “É o momento de somar e não de confrontar”, afirmou de Narvaez, que também criticou diretamente o ex-presidente Kirchner.
De Narvaez prometeu defender os produtores agropecuários, que no interior da província de lhe deram amplo apoio nas urnas. O empresário disse ainda que defenderá o partido Acordo Cívico, de Margarida Stolbizer e Ricardo Alfonsín, que se opõem ao atual governo.
Com as eleições de domingo, o governo de Cristina, apesar de ter perdido cadeiras no Congresso, permanece como o principal partido do Legislativo.
Agora, contudo, terá que intensificar as negociações e acordos com outros partidos de oposição para aprovar seus projetos. Dos 257 postos da Câmara dos Deputados, o partido de Cristina terá cerca de 100, o que significa a perda de 15 cadeiras. Para garantir quorum em votações de projetos, é necessária a presença de 129 deputados.
Já no Senado, o governo terá 34 das 72 cadeiras. Os partidos de oposição Acordo Cívico e a União Cívica Radical (UCR), por sua vez, serão representados respectivamente por 24 e 14 senadores.
O governo perdeu nos distritos eleitorais considerados mais importantes, como na cidade de Buenos Aires e na província de Córdoba, que tradicionalmente conferem aos vencedores projeção para as eleições presidenciais do ano seguinte.
Já na província de Santa Fé, o senador de oposição Carlos Reuteman disputa voto a voto com o senador governista Ruben Giustiniani.
Os resultados do domingo dão projeção ao vice-presidente Julio Cobos, que desde o ano passado faz oposição ao governo de Cristina, e a Macri na corrida presidencial de 2011. O partido de Cobos venceu na província de Mendoza, com 47% dos votos, 20 pontos a mais que os governistas.
Já o PRO, de Macri, ratificou sua supremacia na cidade de Buenos Aires, ainda que somente com 30% dos votos obtidos por sua candidata a deputada, Gabriela Michetti.