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A cúpula do G8 será um “salão das tagarelices” dos países ricos?

Teve início a cúpula do G8, que nesta ocasião assumiu o formato “8 + 5 (China, Índia, África do Sul, México e Brasil) + 1 (Egito). Porém no primeiro dia a reunião ficou restrita a uma conversa em família, entre os líderes dos oito países, a portas fechada

O chamado “clube dos países ricos” também é conhecido como “salão das tagarelices”. Reuniu-se no ano passado durante três dias, no Lago Toya, Japão. No entanto, afora um certo consenso sobre a redução das emissões de gás carbônico, não logrou nenhum resultado essencial. Então o que vai acontecer este ano em L'Aquila?



Na realidade,permanecem as dúvidas sobre o papel do G8, em especial após o surgimento do G20. Até a chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu que o G8 já não basta para resolver os problemas globais e que o G20 será a plataforma para futuras decisões.



Por um lado, devido à rápida emergência de países em desenvolvimento, a configuração global mudou. Isto torna os países ricos incapazes de “fazer tudo pelo mundo”. Por outro lado, também reduzia a eficácia da plataforma do G8; seu reduzido sucesso tem ver com a intenção de descarregar as responsabilidades sobre os outros, em interesse próprio.



Nos últimos anos, o “G8 na prática”, tem convidado à sua reunião representantes dos países emergentes. De um lado colocam estes nas nuvens; mas, de outro, não se esquece de pedir-lhes que compartilhem as responsabilidades.



Naturalmente, cada país tem os seus próprios interesses. O ponto de partida dos políticos de diferentes países em determinadas negociações talvez consista exatamente em fazer o possível para defender os interesses dos seus países.



O problema é que, uma vez que todos enfrentam um desafio comum e as questões primordiais do mundo exigem a participação de todos, torna-se necessário levar em conta a situação global e cada um dar as contribuiçõesao seu alcance, em vez de fugir de sua responsabilidade.



Neste contexto, os mais ricos, com a força maior, devem fazer um pouco mais. Portanto, o rápido avanço dos países em desenvolvimento não deve servir de desculpa para os países ricos fugirem à sua responsabilidade.



Por exemplo, para lidar com a crise financeira, uma crise nascida nos países desenvolvidos do Ocidente, estes devem refletir sobre a reforma, e ao fazê-lo não devem agir em detrimento dos interesses dos países em desenvolvimento. Um outro exemplo: ao enfrentar as mudanças climáticas, os países desenvolvidos não deveriam transferir suas responsabilidades na reduzição das emissões para as costas dos principais países em desenvolvimento; deveriam, sim, mostrar sinceridade. O mesmo vale para o problema do comércio internacional; certos países devem abandonar as posturas de dois pesos e duas medidas, mudar sua política protecionista e fazer avançar as negociações da Rodada de Doha. No que diz respeito à ajuda aos países pobres, os ricos não devem fazer promessas sem agir…



Em certa medida, os países desenvolvidos não só têm uma base sólida, também são quem decide as regras do jogo. Portanto, caso se deseje que se a cúpula de L'Aquila deixe de ser um  “salão das tagarelices” e alcance algum sucesso, não só será necessário ter comunicação e coordenação entre o Norte e o Sul. É preciso que os países ricos assumam as suas responsabilidades.



Fonte: Diário do Povo Online (http://spanish.people.com.cn)