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“Defenderei o dólar”, brade Geithner

Ameaça da Arábia Saudita, aliada à da China, causa pânico nos EUA. O dramático desdém ao dólar, principalmente por parte da China, soou o alerta vermelho em todo o mundo. Entretanto, não se trata apenas disso.


Por Mary Stassinákis, no Moni

Quarta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy (Tim) Geithner, foi obrigado a asseverar, garantir e afiançar aos países árabes do Golfo Pérsico que defenderá o dólar contra os ataques que dia após dia se avolumam.


 


As preocupações, primeiramente as da Arábia Saudita – aliada tradicional dos EUA -, refletem a dimensão do desdém e a dependência dos EUA. E o grandiloquente brado de Geithner a favor da manutenção dos investimentos árabes em bônus dos EUA e no dólar define o rumo da especulação internacional.


 


Portanto, a proclamação de Geithner aos “petro-príncipes” do Golfo Pérsico para que permaneçam fiéis ao dólar norte-americano diz muito. De fato, a cultura dos argumentos por uma “fuga diferente rumo à saída” já havia começado quando os boatos sobre as pretensões da Arábia Saudita assumiram grandes dimensões.


 


Os boatos de que a Arábia Saudita agora pretende desatrelar o rial do dólar — após 22 anos — levaram pânico à Casa Branca, Wall Street e o Federal Reserve, além, é claro, à todos os “livres atiradores” da especulação.


 


O valor total dos bônus norte-americanos em poder dos países produtores de petróleo do Oriente Médio e de seus representantes, como os bancos britânicos, atingiu níveis altíssimos em 2008. Os petrodólares investidos em bônus dos EUA significam o controle do custo de endividamento dos EUA, cujo déficit público é recorde, indica o grau de dependência norte-americana aos capitais estrangeiros.


 


No final de 2007, o valor dos capitais investidos pelos países árabes produtores de petróleo somava US$ 4,6 trilhões. Na Grã-Bretanha, os investidores em países produtores e exportadores de petróleo detêm a maioria dos US$ 251,4 bilhões postos em bônus dos EUA adquiridos até abril de 2007, com aumento anual de 85%.


 


Recordem que o então candidato Barack Obama declarou, em fevereiro do ano passado, que “os fundos soberanos canalizados pelos países produtores e exportadores de petróleo talvez tenham outros “motivos” que não apenas os de mercado. Estamos transferindo riqueza a estes países, e pretendo parar isto como presidente”.


 


A volta do Goldman Sachs a um desempenho espetacular não foi suficiente para alimentar, pelo segundo dia consecutivo, um festim em Wall Street. O poderoso banco de investimentos dos EUA anunciou US$ 3,44 bilhões em desempenhos operacionais no segundo trimestre, superando as previsões mais otimistas.


 


A ação do Goldman Sachs ganhou 77% desde o início deste ano, mas ainda falta muito para igualar o recorde de US$ 250,70 em 2007, antes de começar a bancarrota do sistema bancário dos EUA.


 


Ano passado, na segunda-feira 22 de setembro, o Goldman Sachs abriu mão do regime institucional de banco independente de investimentos para se salvar, e decidiu se travestir em banco comercial, principalmente para atrair os depositantes norte-americanos. Isto é, tornou-se um banco de varejo.


 


A mesma decisão, aliás, foi tomada pelo Morgan Stanley. Os outros três (dos cinco maiores bancos de investimentos de Wall Street) tiveram azar. O Merrill Lynch se auto-liquidou – por US$ 50 bilhões – para sobreviver, ao Bank of América. O Bear Stearns foi adquirido por US$ 29 bilhões pelo J.P. Morgan Chase, enquanto o Lehman Brothers foi à falência, trazendo o crash bancário ao mundo inteiro.