Juro elevado reduz verba de Educação e Saúde à metade
Taxa média desde a criação do Copom até 2006 foi de 12,8% real ao ano. A quantia de R$ 1,4 trilhão gasta com juros exorbitantes nos últimos 12 anos poderia ter dobrado, nesses 12 exercícios, os orçamentos autorizados pela Lei de Orçamentária Anual (LOA
Publicado 22/07/2009 13:40
Os juros foram mantidos numa média de 18,7% entre 1997 e 2008 por conta do regime de metas de inflação, como mostrou o economista Amir Khair. Se a taxa média tivesse ficado em mais civilizados 13,6%, a dívida interna poderia ter ido a zero. De acordo com Amir Khair, desde o início do funcionamento do Copom até 19 de julho de 2006, a Selic esteve acima de 15% ao ano, com média neste período de 20,5%, com inflação de 6,9%, ou seja, uma taxa real de 12,8%. Só a partir de 20 de julho de 2006, ou seja, há três anos, a Selic passou a ficar abaixo de 15% ao ano.
“Os gastos com juros acabam concentrando a renda, o que não teria ocorrido se o país praticasse taxas mais baixas. Apenas umas poucas famílias têm condições de investir em títulos públicos”, disse o cientista político Lucidio Bicalho, assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Bicalho lembrou ainda que a estrutura tributária é regressiva no Brasil. “O dinheiro é arrecadado dos que não têm renda e vai para os que ganham com juros. São duas lógicas perversas”, resumiu.
O R$ 1,4 trilhão desviado para o pagamento de juros no período representa R$ 116 bilhões anuais. Essa quantia, em valores atuais, equivale à soma das rubricas Saúde (R$ 54 bilhões), Educação (R$ 36 bilhões), Saneamento (R$ 2 bilhões), Habitação (R$ 1,4 bilhão), Transportes (R$ 16 bilhões) e Segurança Pública (R$ 8,2 bilhões).
A informação é do Monitor Mercantil