Colômbia: entidades condenam instalação de bases dos EUA
Nesta terça-feira (28), organizações sociais e políticas da Colômbia vão realizar uma manifestação contra a instalação das bases militares estadunidenses no país. Pela proposta aprovada pelo governo de Alvaro Uribe, ao todo, 1400 soldados estrangeiros
Publicado 28/07/2009 12:08
O acordo entre o governo de Uribe e os Estados Unidos deve sre posto em prática em setembro, quando o governo estadunidense entrega a base de Manta, no Equador. Os militares vão ser distribuídos nas bases de Malambo, no Atlântico; Apiay, no departamento de Meta; e Palanquero, em Cundinamarca. Só em Palanquero, o investimento será de 46 milhões de dólares.
O governo colombiano ainda propôs a inclusão de mais duas bases – a de Tolemaida, em Tolima; e a de Larandia, em Caquetá -, mas nada foi decidido até o momento.
''Esta decisão (o convênio com os Estados Unidos) vai contra os caminhos de paz que se tem buscado, aprofundará o conflito interno e gerará conflitos externos'', disse a Imprensa do PCC (Partido Comunista Colombiano).
''O acantonamento de tropas estrangeiras na Colômbia está proibido pela Constituição Nacional, que apenas permite o trânsito autorizado previamente pelo Congresso e sob conceito favorável do Conselho de Estado'', lembrou a CUT (Central Única dos Trabalhadores) da Colômbia.
Informações dão conta de que os Estados Unidos possuem mais de 700 bases militares espalhadas por todo o mundo. Na Colômbia, serão 1400 soldados estadunidenses, 800 de maneira direta e outros 600 ''sob o eufemismo de Contratistas com que os Estados Unidos têm disfarçado as tropas em suas guerras mercenárias'', criticou a CUT da Colômbia.
''Com essa grave decisão que vulnera a soberania nacional, a Colômbia se converte de fato em um país hostil para os vizinhos da região, ao se transformar em ponta de lança da expansão dos Estados Unidos'', atacou a entidade.
A CUT avaliou que os Estados Unidos vão intervir em assuntos internos colombianos sob o pretexto da luta anti-narcóticos e antiterrorista. A organização teme que o território colombiano seja usado para realizar ataques e bombardeios contra os demais países da América Latina e do Caribe.
Interesse estratégico dos EUA
A senadora colombiana Gloria Inés Ramírez, do Pólo Democrático Alternativo, afurmou que o governo dos Estados Unidos tem um interesse estratégico que pode ser prejudicial à América Latina, ao pretender desenvolver operações militares por meio de cinco bases na Colômbia.
Em entrevista exclusiva à Telesur, Gloria Inés indicou que existem dois elementos que o governo norte-americano aparentemente persegue com a instalação destas bases: um ligado a combater o terrorismo e outro, o narcotráfico.
Ela, contudo, avalia que ''esta situação põe todos em guarda, porque, para os EUA, terroristas são aquelas instituições que lutam pelos direitos das maiorias e são contrários aos interesses deles''. Neste sentido, a senadora considerou que a situação ''é grave'' para o país sulamericano e a região, e tomou como exemplo o caso de Honduras, ''uma mostra de como um golpe de Estado tira do poder um chefe de estado legitimamente eleito''.
Além disso, Gloria Inés disse que a base militar que os EUA tinham em Manta (Equador) lhe dava acesso ao oceano pacífico e, com oacordo com a Colômbia, terá acesso direto ao mar do Caribe. A senadora se referiu às recentes acusações que o governo Alvaro Uribe lançou contra o Equador e a Venezuela.
O governo colombiano disse, com base em uma suposta informação extraída do computador do alto chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes – morto na incursão militar ilegal que a Colômbia realizou em território equatoriano em março de 2008 -, que o grupo rebelde teria financiado a campanha eleitoral do presidente do Equador, Rafael Correa.
Para Gloria Inés, a informação retirada do computador foi ''modificada e o que se diz ali não tem validade''. Ela explicou que os dados contidos lá serviram de instrumento para ''a oposição da Colômbia''. De acordo com ela, os conflitos armados na Colômbia têm causas estruturais, como a exclusão das maiorias nacionais.
''Necessitamos que a Colômbia deixe de ocultar os fatos e saia da órbita dos Estados Unidos, deixando de tratar a incursão militar como solução e pense na mesa de diálogo como saída''.
A opinião é compartilhada pela pesquisadora estadunidense, Eva Golinger, que avalia ainda que a iniciativa norte-maeircana visa a converter a Colômbia em um centro de operações táticas da Casa Branca contra qualquer país latinoamericano que se oponha a seus interesses hegemônicos e imperialistas.
Já Eva Golinger afirmou que os EUA inventa supostas ameaças de terrorismo e narcotráfico para reforçar sua presença militar no continente e a ameaçar a estabilidade da região.
Com agências