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Luiz Zanin: Vamos variar e ver 'Enquanto o Sol não Vem'?

Os blockbusters estão ocupando mais de 90 % do circuito do cinema. Assim, qualquer papo sobre diversidade vira piada. De mau gosto. Mesmo assim, alguns filmes sobrevivem, meio precariamente, na periferia do sistema. Um deles é o delicioso Enquanto

Fui ver numa sessão de começo de noite no Espaço Unibanco e havia um bom público. Talvez 1/3 da sala ou coisa assim. Meu colega Luiz Carlos Merten conversou com Adhemar Oliveira, do Espaço, e este lhe disse que, da safra dos franceses, o filme de Jaoui era o que estava indo pior. É pena. Ainda mais porque dava para ver como as pessoas na sala se divertiam com o humor sutil da diretora, que é também a protagonista.


 


Ela faz uma mulher que está prestes a se lançar na política, Agathe. Ela visita o sul da França, onde mora sua irmã, e concorda em se tornar personagem de um documentário. Só o que não sabe é que será filmada por uma dupla de cineastas bem trapalhões. Um deles é interpretado por Jean-Pierre Bacri, marido de Agnès.


 


O filme é uma comédia dramática, feita de sutilezas e subentendidos. Nada tem de intelectual; pelo menos não nesse sentido pejorativo que se dá por aí para obras que não se comunicam com o público. Nada disso. Enquanto o Sol não Vem é cinema de fácil compreensão, de comunicação muito rápida, mas que não se barateia jamais com o humor óbvio. Gostei demais. E quem estava no cinema gostou também.


 


Às vezes culpamos o “sistema”, a grande máquina comercial do cinema americano, por tudo de ruim que acontece. É verdade. Mas também o público tem sua parcela de responsabilidade. Mesmo pessoas informadas às vezes, na hora de eleger um programa, optam por mais do mesmo. Felizmente existe gente que prefere sair da mesmice.