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Acordo militar EUA-Colômbia permeia cúpula da Unasul

Os presidentes da América do Sul realizam, nesta segunda (10), uma cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), em Quito, sem a presença de chefe de Estado da Colômbia, Álvaro Uribe. O ponto central do encontro é a discussão sobre o acordo que permite aos Estados Unidos usar bases militares colombianas. O pacto tem sido criticado pelos países latinos, que temem que a ampliação da presença militar estadunidense represente uma ameaça à segurança e à soberania da ragião.

Até a meia-noite de domingo, os chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul) trabalharam numa declaração conjunta que repudiasse o acordo. Não conseguiram um consenso. Nesta segunda, ficou decidido que o tema será discutido este mês em uma "reunião urgente" de ministros sul-americanos.

De acordo com fontes diplomáticas, a proposta do encontro deve ser incluída na declaração de Quito, a ser assinada pelos líderes da região em Quito, no encontro que marca a transferência da presidência temporária da Unasul, do Chile para o Equador.

"No ânimo de fortalecer o diálogo e o consenso em termos de defesa mediante o fomento de medidas de confiança e transparência, convocam uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa", destacou o rascunho do texto, segundo a AFP.

Nas discussões que ocorreram até o momento sobre o assunto, a Bolívia se manifestou contra a presença das bases militares estrangeiras. O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou os EUA de pretender dividir a América do Sul, enviando tropas a bases da Colômbia, e disse que a Cúpula da Unasul deve ser palco para rechalar este acordo.

"O que o governo colombiano pretende fazer é uma bofetada ao bicentenário da independência", afirmou Maduro durante a reunião de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), ocorrida ontem.

Ele assegurou que, mediante o acordo com Bogotá, Washington mantém sua intenção de "dinamitar" a integração sul-americana. As sete bases "são parte de um plano para dinamitar a união da América do Sul, para dividi-la mais uma vez e convertê-la em um território desestabilizado", disse Maduro. O chanceler destacou ainda que a Venezuela tem o direito e o dever de se defender se sua soberania for violentada.

O tema das bases dos EUA na Colômbia gera "uma tremenda preocupação para todos os nossos países", afirmou por sua vez Emilio Izquierdo, representante equatoriano na Unasul. Bolívia, Equador e Venezuela sugeriram que o acordo seria um "fator de desestabilização" na América do Sul. Argentina e Brasil também manifestaram suas reservas já expostas no dercorrer da semana.

A Colômbia defende o acordo como um assunto interno e descartou que sua cooperação com os EUA seja uma ameaça para outros países. O presidente colombiano, Alvaro Uribe, que não assistirá a Cúpula de Quito, devido à crise que rompeu suas relações com o Equador, viajou semana passada a sete países sul-americanos para explicar o alcance do pacto militar com os EUA.

Honduras

Durante a reunião de ontem, os chanceleres dos países-membros reiteraram serem contrários ao golpe de Estado ocorrido em Honduras no final de junho. Os ministros reafirmaram que não reconhecerão "nenhuma convocatória para as eleições por parte do governo de facto" e ratificaram seu apoio à missão enviada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), com a participação do secretário-geral José Miguel Insulza.

Os representantes dos 12 países da Unasul – que reuniram-se na tarde de domingo para acertar detalhes da cúpula desta segunda-feira – convocaram a comunidade internacional a utilizar "os recursos necessários e adotar novas medidas para assegurar o restabelecimento do presidente Manuel Zelaya".

O mesmo Zelaya chegou a Quito ontem à tarde para acompanhar posse do presidente reeleito do Equador, Rafael Correa, que hoje inicia seu segundo mandato juntamente com a presidência da Unasul.

Na reunião desta segunda-feira, os presidentes prevêem incluir na declaração uma referência às ilhas Malvinas, que ainda é alvo de disputa entre Argentina e Grã-Bretanha, conforme antecipou a chancelaria chilena.

"Além disso, eles devem anunciar a criação de conselhos de infraestrutura e planejamento, de luta contra o narcotráfico, de educação, cultura, ciência, tecnologia e inovação, e o de desenvolvimento social sul-americano", acrescentou.

Com AFP e Ansa