Cresce ofensiva imperialista contra Cuba
A ofensiva imperial contra a América Latina progressista intensifica-se neste momento contra os países membros da ALBA. Em Cuba, os investimentos anexionistas de Washington, longe de diminuir, aumentaram e se agudizam através de novas tecnologias e meios.
Publicado 10/08/2009 17:34
Isso foi analisado, em uma entrevista, pela pesquisadora venezuelana Eva Golinger, que explicou como a atual administração norte-americana continua realizando ''investimentos para desestabilizar a Revolução cubana'' através da Usaid e da National Endowment for Democracy (NED).
Durante a última década, Golinger se dedicou a estudar e desmascarar os mecanismos de intervenção e subversão norte-americanos na América Latina.
''Seu principal financiamento procede do Fundo de Apoio Econômico (Economic Support Fund), um grupo financeiro do Departamento de Estado que financia os projetos da Usaid'', preciou. ''Este fundo tem contribuído com US$ 65, 330 mil para a chamada transição para a democracia em Cuba durante os últimos dois anos. Para o 2010 estão destinados 20 milhões de dólares adicionais''.
Segundo a terminologia da Usaid, do dinheiro entregado nos anos 2008 e 2009, US$ 10 milhões foram destinados para a área dos ''direitos humanos'', US$ 7 milhões para ''promover a concorrência política'' e quase US$ 49 milhões para a ''sociedade civil''.
''Nos finais de 2007, a Usaid também abriu um Escritório para qualquer iniciativa que tenha a ver com a transição (OTI) para Cuba, visando realizar um trabalho com a juventude e com as ‘iniciativas independentes’ dos meios de comunicação'', explicou a especialista.
''Para este fim, contribuíram com um fundo adicional de US$ 8, 383 mil desde o 2008. Estes Escritórios são divisões da Usaid dedicadas a dar resposta às crises políticas de maneira rápida, a favor dos interesses estadunidenses''.
Administram fundos líquidos em ''grandes quantidades, sem muito rigor de revisão ou contabilidade ante o Congresso estadunidense''.
Em agosto de 2002 foi estabelecido na Venezuela um Escritório deste tipo para promover e consolidar as forças opositoras ao governo nesse país. Desde sua criação, estes Escritórios têm financiado e ajudado a criar mais de 450 ONGs e grupos políticos, com fundos que ultrapassam os US$ 60 milhões.
Este dinheiro é utilizado fundamentalmente para alimentar conflitos e para promover os interesses estadunidenses de maneira encoberta.
A Usaid na primeira linha da ''guerra irregular''
A Usaid, uma agência que começou como o braço financeiro do Departamento de Estado em 1962, para atender os assuntos ''humanitários'', no século 21 virou um dos atores principais da ''contraguerrilha'', chamada agora de guerra irregular de Washington.
''No início deste ano esta nova doutrina foi assinada pelo recém-eleito presidente dos EUA, Barck Obama, como parte de sua nova política de ''smart power'', o poder inteligente que emprega o uso do poder militar juntamente com a diplomacia, a cultura, as comunicações, o poder econômico e a política''.
Há duas diferenças entre guerra irregular e guerra tradicional: o objetivo e a tática, explica a advogada venezuelana-estadunidense.
''A guerra tradicional tem como objetivo a derrota das forças armadas do adversário, e sua tática principal é o uso do poder militar na sua forma mais tradicional, o combate e o bombardeio. A guerra irregular tem como objetivo o controle da população civil e a neutralização do Estado, e sua tática principal é a ''contraguerrilha'', isto é, o uso de técnicas indiretas e assimétricas, como a subversão, a infiltração, as operações psicológicas, a penetração cultural e o engano militar''.
Durante o século 21, a Usaid desenvolveu divisões dentro da agência que funcionam juntamente com o Pentágono, como os Escritórios de Gerência de Conflitos, Transição e Reconstrução, Democracia e Governabilidade, bem como iniciativas para uma transição, as quais reorientam seu trabalho em direçào à ''contraguerrilha''.
''Por tal motivo, a Usaid virou ator principal financeiro da desestabilização e penetração na ''sociedade civil'' em países estrategicamente importantes para os interesses estadunidenses''.
No caso da América Latina, as cifras de investimento financeiro da Usaid nos grupos políticos e na ''promoção da democracia'' são esmagadoras.
A NED e sua cadeia de ONGs mercenárias
Por outra parte, a NED, a agência fachada da CIA — foi fundada para fazer o trabalho que a CIA fazia nos anos 60 e 70, mas com uma imagem mais legítima — tem contribuído com US$ 1, 435, 329 para promover a desestabilização em Cuba este ano, expressou Golinger ao numerar os grupos beneficiados por este fundo norte-americano.
. Aliança Afrocubana (Afro-Cuban Alliance (ACA): US$ 82. 080
. Associação Encontro da Cultura Cubana: US$ 225 mil
. Centro para uma Cuba Livre (Frank Calzón): US$ 54.222
. Centro para a Empresa Privada Internacional (CIPE): US$ 157.526
. O Comitê para o sindicalismo do Livre Comércio (CFTU): US$ 150 mil
. O Diretório Democrático de Cuba: UUS$ 275 mil
. CubaNet News: US$ 42 mil
. Disidente Universal de Porto Rico: US$ 40 mil
. Grupo Internacional para a Responsabilidade Social Corporativa em Cuba: US$ 236.730
. People in Need (PIN): US$ 129.451
. People in Peril Association (PIPA): US$ 43.320
A maioria destas organizações, grupos e grupelhos estiveram vinculados no passado com atividades da Agência Central de Inteligência.
Apesar das promessas, da nova administração, Washington não deixa de esbanjar anualmente centenas de milhões de dólares do dinheiro do contribuinte nesta guerra suja contra a América Latina.
''Existe uma ofensiva imperial contra a América Latina que neste momento se intensifica contra os países membros da ALBA'', afirmou Golinger.
''Uma das manifestações desta agressão é a chamada contraguerrilha como tática para penetrar e infiltrar as comunidades e promover a desestabilização'', assinalou a autora de títulos como Código Chávez e La Teleraña Imperial, o repertório das atividades de inteligência de Washington no continente e no mundo em geral.
Fonte: Granma