Sem categoria

Atos em embaixados dos EUA marcam 2 meses do golpe de Honduras

Nesta sexta (28), completam-se dois meses do golpe em Honduras. Por isto, a Frente Nacional contra o Golpe – juntamente com cidadãos e organizações nacionais e internacionais – realizará uma mobilização global. A ideia é manifestar o rechaço ao golpe com plantões de protestos nas embaixadas estadunidenses em diversos países do mundo. O presidente deposto, Manuel Zelaya, deve conceder entrevista, hoje, sobre a situaçã de seu país. Enquanto isso, os EUA ainda avaliam novas sanções.

"A Frente Nacional contra o Golpe de Estado faz um chamado a todas as organizações e pessoas solidárias e comprometidas com a deocracia no mundo para que se somem aos protestos contra a ditadura instaurada pela oligarquia hondurenha em cumplicidade com os setores internacionais mais conservadores e fascistas", diz a convocatória.

De acordo com comunicado da Frente, divulgado na segunda-feira passada (24), os manifestantes exigem: o retorno da democracia no país e de Manuel Zelaya ao poder; o castigo aos violadores dos direitos humanos; a posição de Estados Unidos contra o governo golpista "que inclui a interrupção imediata de todo tipo de cooperação Militar, diplomática e econômica".

O grupo também pretnede denunciar "a cumplicidade de organmismo de inteligência norte-aericanos no golpe". Por ocasião das mobilizações em rechaço ao golpe, ontem (26), a União de Escritores e Artistas de Honduras (UEAH) realizou, também, uma marcha de resistência. A manifestação saiu da Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán (UPNM) até Embaixada de Estados Unidos.

De acordo com comunicado da organização, durante o protesto, puderam-se notar algumas ações para inibir a manifestação, como a dos policiais, que se aproximavam da marcha em atitude provocativa. No entanto, os manifestantes seguiram a caminhada de forma pacífica.

Capturou-se um garoto infiltrado pelo eficiente sistema de segurança dos manifestantes. Era um menino, dada sua idade, quem carregava vários recipientes com gás, os quais se conhecem como bomba Molotov, dizendo-se aprendiz de assassino, que sua missão era incendiar Sitramedys e/ou qualquer outro estabelecimento, pois lhe haviam pagado para isso.

Na oportunidade, além de rechaçar o governo golpista e demandar o retorno de Zelaya, os manifestantes exigiram uma nova Constituição para o país, com a participação de todos os cidadãos. "O povo hondurenho está mais combativo que nunca e não se cansa de reclamar seus direito e jamais perder de vista seus objetivos, porque o triunfo está nas ruas e isso é o que fazem: brigar pacificamente nas mesmas", conclui UEAH.

Entrevista

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, adiou, ontem, pelo segundo dia consecutivo, uma coletiva de imprensa convocada na embaixada hondurenha em Manágua. A primeira secretária da embaixada de Honduras em Manágua, Elizabeth Sierra, em um breve comunicado de imprensa, informou que a entrevista, inicialmente prevista para quarta-feira, será realizada hoje no prédio dessa delegação diplomática.

"A conferência será presidida pelo senhor presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya Rosales, ao se completarem dois meses de resistência do heroico povo hondurenho", diz a nota.

Zelaya está na Nicarágua, onde passou grande parte do tempo e estabeleceu seu centro de operações desde que foi expulso do país pelos militares, em 28 de junho. O golpe de Estado levou Roberto Micheletti ao poder, cujo Governo é condenado e não reconhecido pela comunidade internacional.

Apesar do rechaço mundial a golpe, e das investidas diplomáticas no sentido de restabelecer a ordem democrática no país, Micheletti tem insistido em permanecer no poder e realizar eleições no final do ano. A comunidade internacional, contudo, já se pronunciou, afirmando que não reconhecerá o resultado de eleições promovidas por um governo golpista.

Ainda ontem, seguidores de Zelaya pediram aos hondurenhos que desconheçam as eleições de novembro, que, na opinião dos setores políticos tradicionais, seria a melhor saída à crise que se instaurou no país.

"Convocamos o povo a não se prestar a esta manobra dos golpistas", ressaltou o líder rural Rafael Alegria, um dos coordenadores do movimento popular que exige a restituição de Zelaya.

A manutenção do golpe de Honduras é vista por analistas como um perigoso pecedente na região, que vivia um momento de ascensão das forças progressistas. A opinião geral é a de que os Estados Unidos – com influência em Honduras – poderia adotar sansões mais fortes para pressionar o governo autoproclamado. 

Cadê a  pressão?

Nesta quinta, o governo dos Estados Unidos disse que conversa com a Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a situação em Honduras e avalia suas "opções", como tomar "medidas adicionais" diante da resistência de Tegucigalpa em permitir o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya.

Durante uma entrevista coletiva, Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado americano, não falou diretamente sobre sanções, mas disse que tomarão "algumas decisões nos próximos dias".

Crowley reiterou a postura de Washington é de que o Acordo de San José – que prevê o restabelecimento de Zelaya no poder e eleições antecipadas – é o "processo correto para ajudar a resolver" a crise política em Honduras.

Segundo o porta-voz, a recusa do Governo de fato presidido por Roberto Micheletti a aceitar o acordo para o retorno de Zelaya teve e segue tendo consequências na região.

Crowley destacou que, como parte das pressões internacionais, a OEA suspendeu Honduras do organismo regional e o Banco Centro-Americano para a Integração Econômica congelou as linhas de crédito do país.

Na terça-feira, o Departamento de Estado anunciou a suspensão, exceto em casos de emergência, da maioria dos vistos para hondurenhos que desejam viajar aos EUA como turistas, estudantes ou empresários, por exemplo, em decisão rejeitada por vários legisladores republicanos.

Com agências